Roberto Lobo
20 de março de 2019 | 23h28
Universidades no Século XXI – Fugindo da Irrelevância
Roberto Leal Lobo e Silva Filho 20 de março de 2019
Como toda a sociedade, as universidades deverão passar por grandes transformações nas próximas décadas. A quarta revolução industrial trará consequências ainda imprevisíveis para a sociedade e para cada indivíduo, tendo em vista a explosiva evolução das tecnologias digitais, da nanotecnologia, da inteligência artificial, da biologia e das neurociências.
As estruturas produtivas atuais sofrerão certamente uma profunda modificação porque muitas atividades desenvolvidas por pessoas serão substituídas por sistemas não humanos e muitas profissões passarão, assim, a ser irrelevantes no novo mundo da produção e do trabalho.
A introdução de conhecimentos radicalmente novos e de tecnologias altamente revolucionárias poderá ser um grande avanço na conquista do bem-estar humano, mas poderá, também, pela rapidez das transformações e possível lentidão nas respostas da sociedade, criar um mar de desempregados e desajustados e produzir uma sociedade ainda mais desigual e conflituosa.
Diante disso, a primeira missão da universidade nas próximas décadas deve ser a de desenvolver novos conhecimentos científicos e novas tecnologias, paralelamente à construção de propostas para a integração harmônica destes conhecimentos visando a contribuir para o bem-estar da sociedade.
Em segundo lugar, a universidade deverá olhar para si mesma, uma vez que o sistema universitário está sendo questionado pela sociedade e caminhando para uma grande crise de financiamento, em parte pela perda de credibilidade, pelas formas insustentáveis de financiamento tendo em vista seus custos crescentes. Nos EUA a dívida estudantil é a segunda maior do país, maior que a de cartões de crédito, ultrapassando um trilhão de dólares.
Além disso, a universidade precisará cuidar, ela própria, de ingressar no século XXI para não correr o risco de se tornar irrelevante nos novos tempos, utilizando-se desses mesmos conhecimentos que ela ajuda a gerar para atuar em quatro grandes frentes:
É possível desde já prever alguns destes desdobramentos e aplicações dos conhecimentos e tecnologias a alguns setores específicos, mas um novo modelo de universidade deve ser buscado, para não se tornar ela mesma irrelevante nos meados do século XXI. Este modelo ainda precisa ser construído.
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