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Instituições, sistemas e indicadores da educação superior, da ciência e da tecnologia no Brasil e no mundo

O Brasil e os rankings universitários

O Brasil e os rankings universitários

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Por Redação
Atualização:

Roberto Lobo  3 de outubro de 2013

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Desde que os primeiros rankings universitários foram publicados, dois fenômenos ocorreram: a proliferação crescente desses rankings e a preocupação dos países mais desenvolvidos em colocarem suas melhores instituições em boas colocações nessas publicações.

Isso se deve ao fato de que, além de ser um indicador de excelência cultural, é uma fonte de atração para estudantes e professores de todos os recantos do mundo garantindo a viabilidade financeira das universidades em países onde o pagamento elevado das mensalidades por estudantes estrangeiros é receita decisiva, como é o caso da Grã Bretanha. Não admira, portanto, que os rankings são muito importantes nas ilhas britânicas e que vários rankings tenham lá a sua origem.

Todos os países com um peso internacional desejam ter instituições nesses rankings. Todos menos o Brasil! Em recente artigo, o professor J. P. Alperin, da Universidade de Stanford, afirma que o Brasil é o único país de porte (e isso eu credito tanto ao governo quanto à academia) que não se voltou à meta de colocar suas melhores universidades nos rankings internacionais.

Ao invés disso, o que vemos é que o governo desenvolve suas universidades públicas de forma isonômica, sem concentrar esforços em privilegiar algumas poucas para destacá-las no cenário internacional e isso não é de hoje. É uma opção. Além disso, as universidades brasileiras, praticamente todas elas, não procuram implantar mecanismos eficientes para sua internacionalização, atraindo estudantes e professores estrangeiros. É um problema. A internacionalização vem sendo cada vez mais considerada como um diferencial competitivo para essas instituições, por buscar os melhores do mundo para integrar em seus quadros.

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Como concluiu P. Aghion, professor de economia da Universidade de Harvard, os principais fatores para que um país possua universidades de classe mundial são: um forte sistema de financiamento, preservação da autonomia universitária, competitividade interna e externa com sistema de incentivos ao bom desempenho e uma gestão eficiente e moderna.

Gestão implica em planejar, estabelecer metas e avaliar resultados de forma global, setorial e voltada a resultados de forma permanente.

Embora os rankings não representem a verdade objetiva, mesmo porque não concordam entre si, a análise dos indicadores utilizados e a colocação das universidades ao longo dos anos podem trazer importantes subsídios para orientar seus programas. O erro seria correr atrás de qualquer ranking para atingir seus indicadores a qualquer preço.

É importante ressaltar duas questões relativas às posições da USP e da UNICAMP nos rankings internacionais:

1-      As universidades mais presentes entre as trinta melhores do mundo na maioria dos rankings têm muito menos alunos e professores do que a USP (quase 100 mil alunos, incluindo os pós-graduados). A USP está na busca da união da quantidade, quantidade e inclusão social, receita difícil, que pode ter atingido seu limite;

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2-      A maioria dos indicadores dos rankings leva em conta valores absolutos, o que facilita uma boa avaliação da USP em relação à média das universidades, devido a seu tamanho, e prejudica relativamente a UNICAMP em relação à USP. No entanto as duas universidades têm indicadores per capita (por aluno ou por professor) semelhantes, e ainda abaixo dos que apresentam as melhores universidades do mundo.

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 A notícia de que a USP e a UNICAMP caíram no ranking do "Times Higher Education", divulgado nessa quarta-feira, 2, não acompanha o que dizem outros rankings. É possível que isso se deva a mudanças internas de critério do grupo que o elabora.

Para ilustrar a situação recente das universidades brasileiras em outros rankings apresentamos a tabela abaixo, na qual indicamos a USP e a UNICAMP que são as duas que, no geral, aparecem sempre melhor colocadas .

Note-se que a posição da USP e da UNICAMP não tem, em geral, piorado. No entanto, há muito que melhorar em nossas instituições de ensino superior para poder ocupar posição de destaque no cenário internacional.

Tabela - Posição da USP e da UNICAMP nos principais rankings nos últimos anos:

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