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Em depoimento, jornalista relata experiência na produção da reportagem sobre escola de referência do interior do Piauí

Davi Lira, de O Estado de S. Paulo, enviado especial a Cocal dos Alves (PI)

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Por Redação
Atualização:

Isamara Brito, de 15 anos, é estudante do 2.º ano na escola de ensino médio Augustinho Brandão

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Foi a determinação dos estudantes que mais me chamou atenção. Eles são jovens demais para tamanha maturidade, pensava comigo a todo instante, logo após algumas das muitas conversas que tive com os alunos da Augustinho Brandão. Além disso, fica muito claro, depois de estar em contato com a população de Cocal dos Alves - principalmente com os moradores mais velhos que me confidenciaram como era o antes e depois da cidade -, que as condições de limitação em perspectivas de futuro deram espaço a múltiplas possibilidades de futuro.

Se num passado não tão distante os jovens se sentiam inferiorizados, hoje sobram sonhos. A postura diante do que vem adiante é outra. Para alguns o subemprego não faz parte do futuro. É paradigmática a transformação que a comunidade escolar da Augustinho Brandão produziu nesses estudantes. A ideia do "a gente tem sempre que pensar alto, né?" já é internalizada por quase todos os alunos do ensino médio.

"Quero ser médica, para trabalhar na cura do câncer. E, se der, quero ganhar também um Nobel", essa foi uma das frases ditas pela estudante do 2.º ano Isamara Brito, de 15 anos, que deixou mais nítida essa minha percepção. E, pelo que percebi, pretensões como essa fazem com que os meninos e meninas da Brandão fiquem cada vez mais entusiasmados  para os desafios que virão após a conclusão do ciclo básico da escolaridade.

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E não há dúvida: foram os bons resultados da escola que construíram esse panorama. O ideal, no entanto, era que esses novos profissionais - encaminhados pela Augustinho às universidades para serem formados - contribuíssem de forma mais concreta com a melhoria da cidade natal, ainda tão carente. Seja com o retorno à terra, ou com o compromisso, de seja qual for a distância, de serem cidadãos mais críticos das mazelas sociais do município.

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