Cronologia da crise na USP

Quinta-feira, 27 de outubro

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Por Redação
Atualização:

Três estudantes de História da USP, que estavam com maconha no estacionamento da FFLCH, são abordados pela PM. Houve quebra-quebra e protestos. O auge da confusão foi às 22h, quando os alunos estavam sendo levados ao distrito policial. A viatura em que eles estavam foi rodeada por universitários e teve vidros quebrados a socos e pedras. Alunos chegaram a subir em cima do veículo.

Para dispersar a aglomeração, a polícia lança bombas de gás lacrimogêneo. Estudantes revidam com pedras. Policiais então deixam o câmpus em alta velocidade. Pelo menos cinco viaturas foram depredadas.

Pouco depois, dezenas de estudantes invadem o prédio administrativo da FFLCH; segundo eles, era uma demonstração de repúdio à ação da Polícia Militar.

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Sexta-feira, 28 de outubro

Manifestantes prometem só deixar o edifício quando a USP romper o convênio com a secretaria estadual de Segurança Pública que reforça o policiamento na Cidade Universitária.

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Reitoria da USP lamenta os "incidentes" ocorridos na noite de quinta. Segundo nota, os fatos serão analisados pelo Conselho Gestor do Câmpus, que deverá apresentar "propostas para o equacionamento da situação"

Segunda-feira, 31 de outubro

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas monta uma comissão de três professores e dois funcionários para negociar a desocupação do prédio administrativo.

Terça-feira, 1º de novembro

À noite, assembleia de alunos no vão da História vota pela desocupação do prédio administrativo. Logo em seguida, com quórum menor, outra reunião vota a favor da ocupação do prédio da Reitoria. A ação seria repudiada pelo DCE, que presidiu a primeira assembleia.

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Com pedras, pedaços de pau, rostos cobertos e portando até travesseiros, manifestantes arrombam garagem da Reitoria e invadem o prédio por volta de meia-noite.

Nota afirma que "[e]sta ocupação é uma continuidade da ocupação da administração da FFLCH, que será desocupada conforme deliberado no início da assembleia (...)Continuaremos a luta contra a repressão e mantemos, portanto, os eixos centrais do movimento: revogação do convênio PM-USP! Fora PM! e revogação de todos os processos contra estudantes, professores e funcionários!".

Quinta-feira, 3 de novembro

À tarde, reitoria da USP pede na Justiça a reintegração de posse do prédio.

À noite, assembleia dos manifestantes decide manter ocupação e resolve também transferir para a Reitoria uma festa da ECA (Escola de Comunicações e Artes)

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Polícia Civil abre dois inquéritos contra os estudantes. O primeiro por danos ao patrimônio público, por causa das seis viaturas depredadas durante a prisão dos três estudantes com maconha; o segundo para apurar os danos ao prédio da FFLCH.

Sexta-feira, 4 de novembro

Representantes do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) e dos estudantes dizem que as negociações com a reitoria não avançaram.

Oficial de Justiça leva notificação aos manifestantes e dá prazo até 17h de sábado para desocuparem o prédio. Nenhum estudante aceita receber em mãos a notificação judicial.

Rafael Alves, de 29 anos, aluno de Letras e um dos ocupantes, afirma que o reitor João Grandino Rodas será responsável pela agressão aos alunos, caso a PM seja chamada para liberar o prédio.

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Sábado, 5 de novembro

Comissão de Negociação da Reitoria participa de audiência no Fórum Hely Lopes Meireles com representantes dos alunos que invadiram o prédio. Na audiência, fica acordada a prorrogação do prazo de reintegração de posse até as 23h de segunda-feira , dia 7. Fica agendada para terça-feira, dia 8, uma reunião da Comissão de Negociação com os alunos, condicionada à desocupação do prédio no prazo previsto.

Segunda-feira, 7 de novembro

USP se compromete a não punir os estudantes e servidores que ocuparam o prédio da reitoria, desde que entreguem o prédio até 23h.

Terça-feira, 8 de novembro

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Operação da polícia iniciada às 5h10 leva 400 soldados, 2 helicópteros e cerca de 50 viaturas ao câmpus. Eles portam cassetetes, escudos e armas com balas de borracha. Cerca de 70 manifestantes são encaminhados ao 91º Distrito Policial em dois ônibus, um para homens e outro para mulheres. Invasores são revistados ainda dentro do prédio e fichados na delegacia pela Polícia Civil. Outro grupo também é contido, ao apedrejar viaturas. Os vidros de duas delas foram danificados.

Detidos são indiciados por dois delitos: desobediência de ordem judicial e dano ao patrimônio público. A polícia tinha informado inicialmente que os 72 também seriam indiciados por crime ambiental e estudava até a possibilidade de eles responderem por formação de quadrilha, mas ambos os delitos foram descartados.

Os deputados estaduais Carlos Giannazi (PSOL), Adriano Diogo (PT) e João Paulo Rillo (PT) tentam no 91.º DP negociar a redução do valor da fiança, de R$ 1.050. O valor é reduzido para um salário mínimo (R$ 545).

Central sindical CSP-Comlutas, ligada ao Sintusp, paga as fianças, no valor total de R$ 39.240.

Garota publica vídeo em que mostra a ação policial na moradia universitária, o Crusp.

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Manifestantes bloqueiam as duas entradas da Faculdade de Letras, improvisam barricadas nos corredores, e impedem alunos de ter aulas.

Um grupo de quatro alunas e dois professores do Cursinho do Crusp fica sem usar as salas de aula da FFLCH - funcionários trancaram as portas porque alunos estavam retirando carteiras para fazer barricadas.

Assembleia novamente no vão da História, desta vez com cerca de 2 mil alunos, delibera por greve dos estudantes.

Primeiro invasor da Reitoria deixa o DP às 23h11.

Quarta-feira, 9 de novembro

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Último invasor da Reitoria deixa a delegacia ainda de madrugada.

Adesão à greve é fraca e apenas Letras tem aulas suspensas.  Em outras grandes unidades, como a Escola Politécnica e a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), o dia é normal. O Centro Acadêmico da FEA e o Centro de Engenharia Elétrica divulgaram notas posicionando-se contra a greve.

Na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), uma assembleia com cerca de 400 alunos de Arquitetura decide, por maioria, aderir à paralisação. O curso de Relações Internacionais também vota pela adesão.

A Associação dos Docentes da USP (Adusp) decide não aderir à greve dos estudantes. Professores, porém, confirmam participação na assembleia geral dos estudantes marcada para quinta-feira em frente à Faculdade de Direito do Largo São Francisco, no centro.

Debate sobre a USP fica intenso na internet.

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Quinta-feira, 10 de novembro

De manhã, manifestantes bloqueiam novamente as duas entradas da Faculdade de Letras. Estudantes pedem aula, promovem empurra-empurra e furam o bloqueio.

À tarde, passeata no centro de São Paulo parte da SanFran e reúne até 5 mil manifestantes (segundo os organizadores). Assembleia realizada em seguida na Faculdade de Direito reitera manifestação pela greve.

À noite, divulgado resultado das eleições para o centro acadêmico da SanFran: chapa Resgate vence Fórum da Esquerda por 829 votos a 520.

Nos dias 22 a 24 de novembro, haverá eleições para o DCE da USP.

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