Redação
21 de dezembro de 2011 | 18h13
* Por Gabriel Natal, de 16 anos. Aluno do ensino médio em São Paulo, faz intercâmbio no Egito desde setembro pela American Field Service
“Acho que meu intercâmbio no Egito teve início há muito tempo. Minha avó paterna nasceu no Cairo, em 1937, e eu cresci ouvindo histórias sobre os faraós e sua terra, imaginando como seria o Egito hoje em dia. Quando vi a oportunidade de morar um ano no país, me inscrevi na AFS imediatamente.
Após muito tempo de espera, cheguei ao Cairo em setembro deste ano, num dia quente e úmido, junto com os outro cinco intercambistas que iriam passar o ano aqui. O Cairo é uma cidade enorme, poluída e cheia de gente, com um trânsito cinco vezes pior do que o de São Paulo. No começo parecia uma tarefa impossível adaptar-me a uma cultura e cidade totalmente diferentes. Mas agora, depois de três meses morando aqui, levo uma vida completamente diferente da que imaginei, mais difícil que a do Brasil, mas extremamente gratificante e feliz. Meu entendimento do árabe evoluiu muito; já sou capaz de me comunicar com taxistas, vendedores, pessoas na rua, etc.
Aqui, posso desde visitar lugares de três mil anos atrás, mercados antigos, ruínas, navegar no Nilo, até passear por bairros modernos e elegantes, shoppings gigantescos, restaurantes e lojas de fazer inveja aos países europeus. Tento viver e me comportar ao máximo como um egípcio, frequentando todos os tipos de lugares, pegando transporte público, me esforçando ao máximo para falar árabe, saindo com meus amigos, comprando coisas para a minha família…
Moro com uma família hospedeira muçulmana, formada por meu pai, minha mãe, duas irmãs e dois irmãos. O terceiro irmão está fazendo intercâmbio em Seattle, nos EUA. Felizmente me dou muito bem com minha família. Sinto-me muito confortável e a casa deles tornou-se minha casa. Com eles, visitei Alexandria, a cidade histórica fundada por Alexandre, o Grande, no Mediterrâneo.
As referências ao Egito do tempo dos faraós estão por todo o Cairo, em símbolos, logos de produtos e instituições, placas, lojas, etc. O turismo é um dos mais importantes setores da economia, mesmo com os recentes conflitos, e vários turistas andam pelas ruas da cidade. É emocionante estar aqui nesse momento, o primeiro ano sem um ditador, com as primeiras eleições livres da história do país. Mas nem tudo é fácil ou simples: os militares no poder continuam usando os métodos do ex-ditador para suprimir manifestantes, e é comum erupções de extrema violência contra as pessoas que protestam, o que deixa todos nós preocupados. Temos muitos problemas pela frente, mas acredito que, no final, os egípcios conseguirão um país livre e pacífico, pois são o povo mais batalhador, feliz, amigável e sonhador do mundo.”
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