Consciência Negra: Hamzah Muhammad -- um imigrante negro em Campinas

Consciência Negra: Hamzah Muhammad - um imigrante negro em Campinas

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Por Oficina do Estudante
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Ser negro no Brasil não é fácil, imagine ainda se for imigrante.

Mas, no mês da Consciência Negra há iniciativas a comemorar. Uma delas é a história do nigeriano Hamzah Bashir Muhammad. Ele é formado em relações públicas e dá aulas de inglês para crianças no colégio Oficina do Estudante. "A primeira impressão que as pessoas têm é que eu não possuo educação, sou perigoso ou pobre. Isso até começarem uma conversa comigo. Então, elas começam a perceber que eu não sou o 'estereótipo africano', que as pessoas costumam pensar. Hamzah morou na Turquia e no Chipre. E tem o certificado que o qualifica a ensinar inglês internacionalmente. "Como um homem viajado, tive a oportunidade de ter contato com múltiplas culturas e posso afirmar que em outros países não é diferente quanto ao racismo e estereótipos da minhas cor de pele". Mas, ele comemora o Dia da Consciência Negra (20 de novembro), celebrado no Brasil: "É uma ótima plataforma para educar sobre cultura e história, a fim do preconceito acabar". O professor de história Edvaldo Lopes, coordenador do Ensino Fundamental da Oficina, é de mesma opinião. "A educação transforma, e os professores devem ressaltar em sala de aula a cultura afro como constituinte e formadora da sociedade brasileira".

Exemplo de superação

Hamzah enfrentou o medo do desconhecido em busca de novas oportunidades. "Estava em um avião para o Brasil, sem nem um parente me esperando e sem saber nem sequer uma palavrinha em português, mas o que me fez continuar foi o pensamento de que na vida temos que batalhar e sair de nossa zona de conforto". Hamzah conta ainda que: "Eu estava um pouco cético em como seria tratado, quando consegui o emprego no colégio, mas, pra minha surpresa, fui muito bem recebido e cuidado com muito respeito. Fiquei encantado".

Consciência Negra

O dia 20 de novembro homenageia o líder quilombola Zumbi dos Palmares. Simboliza: > a luta contra o preconceito racial no Brasil > nossa história relegada > e também africanidades, por meio do processo de resistências Com esse intuito, a Lei 10.639/03, que trata sobre o ensino da história e cultura africanas. E enfatiza a importância da cultura negra na formação do Brasil. Foi alterada pela 11.645/08 - que tornou obrigatório o ensino da cultura africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o médio. Para o professor Lopes, a data é importantíssima, porque debate ainda as nomenclaturas preto e negro, carregadas de significados. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), negros são a soma de pretos (de pele mais retinta) e pardos (mais clara). Nesse sentido, ao se declarar um ou outro haveria uma responsabilidade porque essa autodeclaração implica em indicadores sociais. Ainda segundo esse critério, seria importante observar se as pessoas pretas estão conseguindo avançar socialmente, ou se são as pardas que estão efetivamente conseguindo galgar posições. Leia mais Atenção nas aulas online: como manter? Psicóloga ensina Mudança no vestibular: como estudar em tempos de Covid-19?

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