O objetivo desse texto é uma ode à escrita a partir de uma viagem no (meu) túnel do tempo.
Sempre amei colocar no papel meus pensamentos.
Na quarta série, recebi um prêmio de melhor redação por uma poesia que escrevi: Pássaro Preso.
Primeira Estrofe
"Pássaro preso
Pássaro meu
Digo com desprezo
Ele já morreu"
(Denso, né? Tendo uma filha de quase 3 anos, me pego pensando: será que daqui a 7 anos ela vai estar refletindo sobre a solidão onívora também?)
Já no ginásio (que hoje se chama alguma coisa que eu nunca sei o nome), eu era daquelas garotas tímidas que levava dentro da minha bolsa Santa Marinela uma agenda enooorme, lotada de clipes coloridos e recortes de revistas, cheia de confissões de adolescente.
No meu primeiro trabalho, como estagiaria de Marketing da P&G, eu adorava criar jingles imaginários para os produtos com que trabalhava. Segue trecho inicial de minha homenagem ao Pepto Bismol, icônico remédio gastrointestinal:
"Da diarreia....
À indigestão...
Foi a buchada...
Foi o feijão...."
Não sei por que, mas meu jingle nunca foi usado.
De qualquer maneira, os anos foram se passando, e a escrita sempre esteve presente, de um jeito ou de outro. Escrevendo cartas (e depois e-mails) para os amigos quando morei fora do Brasil. Fazendo juras de amor ou pedindo desculpas para algum namorado. Redigindo uma recomendação para receber investimento em alguma iniciativa para Pampers.
A escrita foi sempre um espaço, muito individual, de reflexão, expressão e conexão. Porém, de uns anos para cá, esse caráter solitário se transformou. Como coach, meu papel é ajudar meus clientes a identificarem sua verdade, a enxergarem sua melhor versão e a se comunicarem de maneira que atinjam seus objetivos. Essa comunicação pode ser verbal, corporal, e também escrita.
Não sou escritora, nem jornalista. Mas, por um motivo ou outro, eu acabei me estabelecendo como uma pessoa que ajuda a outras a contarem suas histórias seja em entrevistas de emprego, em essays, em apresentações pessoais.
Mas nem tudo são flores. Em alguns momentos, me peguei pensando: faz sentindo eu ficar corrigindo a pontuação de textos das pessoas? Faz sentido eu revisar essays 10x? Não deveria estar terceirizando esse tipo de atividade?
E, daí, no meio desse questionamento todo, aparece uma ex-cliente pedindo ajuda para redigir um projeto de educação de impacto social, visando uma bolsa de estudos em Harvard. E outro cliente pedindo feedback em um texto para seu linkedin, visando solidificar seu reposicionamento como profissional. E outro cliente pedindo ajuda no seu application para realizar o sonho de fazer um MBA internacional. E eu me derreto toda.
Ser lembrada sobre como a escrita viabiliza sonhos e promove crescimento me faz sentir novamente aquela emoção de ter um caderno novinho em folha. E é essa possiblidade de construir novas histórias que motiva a continuar escrevendo.
E você, sobre o que gostaria de escrever hoje?