Paula Braga
03 de julho de 2019 | 11h00
De fato, o Instituto Gallup mostra que colaboradores que tem um melhor amigo no trabalho são sete vezes mais prováveis de serem engajados em seu trabalho, são melhores em engajar clientes, produzem trabalho de mais alta qualidade, tem maior bem-estar e menos chance de se machucar no trabalho. De maneira curta, relacionamentos fortes no trabalho geram resultados.
No caso de uma relação entre chefe e subordinado não é necessário que essa relação seja de “melhor” amizade. Mas é sim necessário que o colaborador sinta em relação ao líder uma serie de características análogas às da amizade:
Essas diretrizes não são nada de outro mundo. Porém, quando se trata de times remotos, essa conexão pode se tornar um desafio. Ainda mais quando existem diferenças culturais, de línguas e de fuso horário. Nesses casos, atitudes simples como o famoso papo durante o cafezinho ou aquele almoço de time ficam inviabilizados….e, com isso, dificulta-se a conexão em um nível mais pessoal.
No episódio 10 do podcast “Radical Candor”, Kim Scott e Russ Laraway (ambos ex-executivos do Google, hiper-acostumados a trabalhar com times remotos) compartilham algumas dicas sobre como lidar com o desafio de construção de equipes sólidas dentro desse contexto.
Seguem elas:
Portanto, crie momentos curtos e frequentes (idealmente diários) para se conectar com seu time. Pode ser uma ligação de 2-3 minutos onde você simplesmente pergunta como a pessoa está. Isso é importante, pois ajuda a você começar a desenvolver sua intuição sobre pessoa. Conversando com uma pessoa diariamente, você passa a perceber se ela está irritada..preocupada….frustrada. E daí você pode questionar o por quê disso. Se você mantiver apenas aquela comunicação formal sobre update de projetos semanal, dificilmente desenvolverá essa sensibilidade mais aguçada.
Portanto, se for chefe, marque esse check-in diário com seus funcionários. E, se você for um funcionário, peça por isso para seu chefe.
E, caso o encontro pessoalmente não seja possível, use o artificio da videoconferencia. De acordo com Albert Mehrabian, pioneiro em pesquisas sobre linguagem corporal, as palavras ditas representam somente 7% da mensagem na comunicação interpessoal. Outros fatores (como entonação, gestos, expressões faciais e corporais) compõem o restante desse total. Portanto, no caso de você não conseguir se encontrar fisicamente com seu time, privilegie um dos vários aplicativos (Skype, zoom, google hangout, etc) que permitem que você note as emoções de seu interlocutor. E, se videoconferência não for possível, telefone. O email/mensagem de texto é a última alternativa de comunicação caso o objetivo seja construção de relacionamento.
Um time remoto é igual a qualquer time só que alguns desafios a mais. A diferença de horário, cultura e língua são sim obstáculos. Mas, no fundo, independente de nossa localização geográfica, nós somos muito mais parecidos do que diferentes. Então se conectar com sua equipe de maneira a entender melhor o que está passando em suas cabeças (suas preocupações, suas dificuldades, suas alegrias) é no fim a principal ação para fortalecer seu time.
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