Escola Lourenço Castanho
04 de abril de 2017 | 08h30
O Minecraft é um jogo basicamente feito de blocos com paisagens. A maioria dos objetos é composta por eles, que podem ser removidos, empilhados e recolocados em outros lugares para criar construções. Além da mecânica de mineração e coleta de recursos para construção, há no jogo mistura de sobrevivência e exploração. Sua utilização dentro da educação vem ganhando um grande campo, já que pode ser utilizado como ferramenta criativa. É um jogo não linear e sem objetivos determinados. Na escola, pode ser administrado pelo professor ou pelo próprio aluno.
A atividade com o Minecraft, feita em Dezembro de 2016, foi pensada com o objetivo de fazer o aluno, familiarizado ou não com o jogo Minecraft, construir, no ambiente virtual, a estrutura e os espaços do prédio do Ensino Fundamental II da Escola Lourenço Castanho. Assim, conheceriam e estudariam os locais onde vivem grande parte de sua vida escolar. Eles reconheceriam a importância da representação e reconstrução de algo real em um ambiente virtual, além de ter a chance de propor, a partir do trabalho em grupo, intervenções para melhorar, segundo sua interpretação, a vida da comunidade escolar. Tudo isso inserido em um dos jogos mais populares atualmente: o Minecraft.
A oficina teve três fases. Na primeira, foi feita toda a coleta de medidas, descrição dos espaços e descrição dos materiais que seriam utilizados no jogo. Para tanto, os alunos foram divididos em 4 grupos, cada um responsável por um dos 4 espaços disponíveis para estudar. A divisão desses espaços foi pensada a partir da proximidade e tamanho de cada local. Por exemplo – Espaço 1: Cantina, Sala de expressão, Sala de apoio e Sala de música. Espaços mais extensos, como a Quadra e Quadrinha, foram estudados em conjunto. A partir do estudo dos espaços, foram feitas fichas contendo a metragem de cada local e um croqui com a descrição dos objetos.
A segunda fase da oficina foi para o registro em uma planta quadriculada de todos os espaços estudados pelos grupos, respeitando a regra de proporcionalidade que estabelecemos na primeira aula. Ficou convencionado que representaríamos com dois “cubos” do jogo para cada metro real. Além disso, houve um processo de arredondamento de medidas com decimais diferentes de 0,0 ou 0,5. Desse modo, nossas medidas sempre valiam, por exemplo, 10 e 10,5 para metragens de 10,1 e 10,43, respectivamente.
A terceira fase da oficina que, por conta do tempo, ocorreu concomitante à segunda, foi destinada à construção da Escola pelos alunos no ambiente virtual. Através do servidor, todos os alunos eram responsáveis por todos os espaços, e houve um trabalho de ajuda mútua.
A partir do desenvolvimento dessa oficina, foram pautadas as seguintes competências e habilidades:
Como considerações de uma autoavaliação, penso que a disponibilidade de um tempo maior para os alunos de oficina será algo extremamente importante para o crescimento do projeto, ainda que a evolução tenha sido excelente. Essa foi a principal queixa dos alunos. Além disso, uma consideração fundamental a ser feita e que foi discutida com os alunos no último dia é que estávamos trabalhando com projetos que não demandavam uma proporcionalidade ortodoxal. E justamente a percepção e discussão das diferenças do real para o virtual era um dos objetivos da oficina.
São essas experiências que nos mostram o quão forte são atividades que colocam o aluno enquanto agente produtor de sua própria realidade. Além de se aprofundar mais nas questões existentes ao seu redor, é a partir dessas atividades, que demandam autonomia e criatividade, que o aluno pode se colocar como um agente transformador. Os questionamentos dos alunos ao se depararem com espaços que não conheciam da Escola foram oportunidades extremamente válidas para um desenvolvimento protagonizado por eles próprios.
por Mateus Mendes Pereira
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