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Será o coding uma nova forma de linguagem?

Grande parte dos educadores do futuro apontam que conceitos como a gamificação, o Design Thinking e programação (coding) serão tão importantes como outros componentes curriculares tradicionais. Especialmente sobre a programação, vários especialistas consideram-na uma linguagem específica, como a língua portuguesa, o inglês e a própria matemática.

Por Instituto Singularidades
Atualização:

Segundo pesquisa realizada em parceria entre a plataforma Linkedin e a consultoria de tendências WGSN, a importância de se aprender a programar será cada vez maior para todos os alunos, não apenas para os que têm interesse em trabalhar no Vale do Silício ou em empresas de tecnologia espalhadas por todo o mundo.

A programação estará cada vez mais presente na escola do presente e do futuro. Imagem: Pixabay.com  

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Muitas destas tendências vão influenciar os professores do amanhã a prepararem alunos que desenvolvam projetos que ainda não foram criados e, ainda, a trabalhar em empresas que ainda não existem.

De acordo com o professor do Instituto Singularidades Daniel Moreira da Silva, na Geração Z, formada pelos nativos gerais, esta tendência está cada vez forte e pode gerar um grande número de possibilidades futuras para estes estudantes. Leia mais sobre este tema tão interessante na entrevista a seguir.

Cada vez mais gente considera que a programação já é uma nova linguagem, como o inglês ou o espanhol. Essa já é considerada uma das grandes tendências para a Geração Z, os nativos digitais. Você concorda com essa afirmação?

Sim. Assim como hoje existe a demanda do domínio de outras línguas por conta da globalização, das inovações tecnológicas e das transformações na maneira de se relacionar com outras pessoas, as linguagens de programação não ficam fora desse cenário.

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Com a programação, atualmente é possível desenvolver jogos digitais, aplicativos, inovações na robótica dentre inúmeras contribuições para as tecnologias e, principalmente, facilitar a vida das pessoas.

Nesse sentido, reconhecendo o perfil dos nativos digitais, a programação passa a ser uma oportunidade para despertar e desenvolver a curiosidade, a criatividade e a persistência, além de competências socioemociais como a empatia.

E hoje há uma diversidade de linguagens, por códigos ou blocos, como o scratch, capazes de ser dominada por essas novas gerações de conectados, midiáticos, imediatistas e ousados que também pensam e gostam de resolver problemas pessoais e sociais.

 

Como existe na matemática o chamado numeramento, quando as crianças aprendem a relacionar os números com seus significados, algo que é análogo ao letramento, você acredita que exista um mecanismo semelhante com a programação, uma vez que seriam todos linguagens?

Sim. É possível dizer que o "letramento programático" é a relação entre as demandas humanas ou sociais com as ferramentas computacionais, ou seja, ele colabora no desenvolvimento do pensamento computacional. Esta maneira de pensar envolve diferentes formas de resolver problemas, por meio também do uso do computador e de outras ferramentas, normalmente, a programação e a robótica, exigindo o trabalho com o raciocínio lógico.

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A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), por exemplo, sugere o trabalho com a temática "Álgebra" para contribuir no desenvolvimento do pensamento computacional, a desenvolver o conceito de variável, na identificação de padrões para se estabelecer generalizações e criar algoritmos como conhecimentos necessários para a programação. Logo, abre a possibilidade de tratar as diferentes linguagens para lidar com situações-problema do cotidiano.

Isso porque a álgebra requer saber coletar dados, organizar, analisar, generalizar, o desenvolver algorítmico, dentre outras ações para solucionar problemas, visto que o pensamento computacional é o processo dessa resolução.

Segundo a Sociedade Brasileira de Computação (SBC), os letrados em linguagens de programação diversas são capazes de criar e se expressar melhor no mundo digital, ou seja, desenvolver o pensamento computacional por meio de práticas de programação de computadores.

 

Existe uma conexão direta do raciocínio matemático com a programação? Se sim, como ela se dá?

Muita. Por exemplo, quando é imaginado um modelo matemático, uma equação, para resolver determinado problema, isso sugere um pensamento de programação. Isso porque a programação é um processo de escrita de comandos para atender alguma demanda específica.

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Portanto, para pensar e desenvolver um programa (aplicativo ou software) que seja possível criar projetos se para fazer residências, fabricar um carro ou desenvolver terminais eletrônicos para saques de dinheiro, isso demanda conhecimentos da geometria, da álgebra e dos números para realizar sua programação.

Se for pensar no campo financeiro, de negócios ou de marketing, há necessidade do trabalho com os pensamentos probabilístico e estatístico, transformando informações e dados em outras diferentes linguagens para tomada de decisões.

 

Em algumas escolas na Ásia e nos Estados Unidos os alunos da educação infantil já começam a ter contato com fragmentos de codificação. Na sua opinião, em que fase da educação se recomenda ensinar programação aos estudantes?

Assim como nestas partes do mundo, concordo que seja possível trabalhar com programação com estudantes da educação infantil, para desenvolver habilidades como  raciocínio lógico, saber fazer escolhas e desenvolver o pensamento crítico.

Para isso, é possível utilizar jogos e desafios para criação de aplicativos ou jogos digitais, utilizando-se elementos ou objetos de aprendizagem dos diferentes componentes curriculares correspondentes com as respectivas idades das crianças.

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Para estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental, já é possível utilizar, por exemplo, o Scratch, para realizar programação, que faz uso de blocos lógicos. Além de destacar que a programação possibilita um trabalho interdisciplinar, contribuindo nos significados dos conteúdos trabalhados em diferentes áreas do conhecimento, em especial, a matemática.  

 

Como a aprendizagem da programação pode colaborar com a aprendizagem de matemática?

São amplas as contribuições da programação no desenvolvimento da aprendizagem de matemática, considerando que, segundo a BNCC, um algoritmo é uma sequência finita de procedimentos que permite resolver um determinado problema.

Sendo assim, a programação tem um enorme potencial para desenvolver este tipo de habilidade no campo dos números, como diferentes significados das operações, além de reconhecer, comparar e ordenar números dos diferentes conjuntos numéricos, além de construir argumentos e justificativas dos procedimentos utilizados para a resolução.

É possível permitir que os alunos desenvolvam diferentes estratégias para a obtenção dos resultados, fazendo uso de algoritmos, conhecimentos geométricos, probabilísticos e estatísticos. Em relação à álgebra, que possui estreita relação com o pensamento computacional, ela permite o trabalho com identificação de padrões e de regularidades, estabelecer generalizações, modelar problemas que envolvam cálculos de porcentagem, juros, descontos, acréscimos, entre outros objetos da matemática.

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Além do desenvolvimento do raciocínio lógico, a programação também trabalha outras competências e habilidades fundamentais ao desenvolvimento de qualquer pessoa para o exercício da cidadania.

Um exemplo são os muitos programas de código aberto existentes hoje, que foram construídos e melhorados de forma colaborativa, possibilitando um acesso democrático a este tipo de tecnologia imprescindível para os dias de hoje e de amanhã.

 

Daniel Moreira da Silva é licenciado em Matemática e em Pedagogia, além de habilitação para supervisão e administração escolar. Pós-graduado em Educação Matemática, EAD, Tecnologias Educacionais e em Robótica Educacional. É doutorando em Ensino de Ciências e Matemática. Atua como professor efetivo de educação básica (PEB-II) na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e no curso de Matemática do Instituto Singularidades.

 

Para saber mais: http://institutosingularidades.edu.br/novoportal/Entre em contato: singularidades@singularidades.com.br

 

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