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Blog dos Colégios

Um projeto de vida e cultura: Mostra Literária 2019

Dia 5 de outubro, a Escola Projeto Vida realizou a Mostra Literária: Nas rimas do Cordel, aberta ao público e a comunidade escolar com o tema da literatura de cordel. 

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Por Fernanda Tambelini
Atualização:

Por: Caroline Moreiras, Guru Comunica e aluna do 9º ano da Escola Projeto Vida.

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Música, artesanato, xilogravura, poesia, cordel e tecnologia são fenômenos muito amplos, e que em sua maioria, parecem ser muito distintos uns dos outros. Entretanto ao serem conectados formam algo que estamos a todo tempo em contato: cultura. 

A Escola Projeto Vida realiza anualmente mostras culturais abertas para o público e a comunidade escolar que demandam de muito esforço e dedicação. A cada ano, desde a fundação da escola em 1991, são escolhidos temas ou autores a serem homenageados, que  são estudados a fundo e são as inspirações para diferentes trabalhos de todas as séries  que são convidados a explorar diferentes áreas do conhecimento para produzi-los.

A cultura é basicamente todo o aprendizado adquirido durante a história então é inegável que ela está a todo tempo em contato conosco. Isso é perceptível no nosso dia a dia, seja ao ligar a televisão para assistir um filme, ouvir uma música, sair na rua e ver um grafite na parede, ou até mesmo aprender sobre certo autor na escola, o que acontece nos preparativos para o evento.  

Então quando falamos sobre cultura e educação é notável que esses temas estão intrinsecamente conectados. Os dois são formadores sociais do indivíduo, a escola além de possuir o dever de prepará-lo pedagogicamente deve o formar para conviver com diferentes tipos de pessoas, que podem ou não compartilhar das mesmas crenças e hábitos que ele, de forma que este seja ético para respeitar e lidar com as características únicas de cada ser. 

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Todas essas características são ressaltadas nos trabalhos dos alunos, já que a mostra é feita por desde a Educação Infantil até o Ensino Médio e seria impossível que fosse exigido que uma criança de 8 anos e um adolescente de 16 tivessem a mesma interpretação sobre qualquer tema. E é por isso que cada série  produz algo diferente, sempre levando em conta o perfil da turma, as competências trabalhadas e o pilar da PV (Projeto Vida) de formar leitores e escritores.

Além disso, os trabalhos produzidos visitam diversas áreas do conhecimento. Na mostra de 2017, que homenageou o Arnaldo Antunes, o 7º Ano teve a ideia, juntamente com seus professores, de produzir grandes tecidos com  trechos de poesias escritos e pinturas usando técnicas do grafite, isso passeia pelas artes visuais, que é uma matéria curricular da escola até o 7o. ano, pois depois se inicia o projeto do teatro. 

Também têm atividades que usam das artes plásticas, como os bonecos feitos utilizando papel, cola e arame, pelo 4º Ano, que foram expostos nos corredores no dia do evento. Tudo isso é produzido junto de um grande incentivo da leitura de gêneros textuais específicos e de obras dos autores homenageados como: Manoel de Barros, Marina Colassanti, entre outros.

Isso tudo nos mostra que o evento é uma viagem por diferentes áreas brilhantes que proporcionam um aprendizado muito diferente do convencional. "A mostra possibilita descobrir um universo que não está no dia a dia.", pontua Bete Vecchiato, coordenadora cultural da escola.

A relação entre os pilares  cultura e educação foi pauta de diversos estudiosos, como Candau que afirma que: "A escola é, sem dúvida, uma instituição cultural. Portanto, as relações entre escola e cultura não podem ser concebidas como entre dois pólos independentes, mas sim como universos entrelaçados, como uma teia tecida no cotidiano e com fios e nós profundamente articulados.". 

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E a ideia de tecer, pode parecer apenas uma metáfora, porém até mesmo isso algumas turmas já fizeram, tecendo alguns bordados na mostra de 2015. É perceptível que esse acontecimento exige a efetivação de muita criação artesanal, porém não é apenas isso.

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Múltiplos trabalhos são feitos com muito auxílio da tecnologia e existem até mesmo mostras de cultura digital, que interagem muito com esse ramo, e mesmo quando não, são desenvolvidos diversos projetos fazendo uso dela, como por exemplo uma bicicleta que carregava celulares, gerando energia quando a pessoa pedalava, para a mostra de Arte e Tecnologia em 2018.

Em setembro do ano passado,  a literatura de cordel foi considerada como patrimônio cultural no Brasil, o que fez com que ela ficasse em evidência na sociedade. Por isso que na mostra deste ano, esse gênero foi escolhido como tema, trazendo também o espírito da brasilidade e o estudo de algo que vem, principalmente, do nordeste.

Os alunos foram convidados a trabalhar com a sonoridade, aprender sobre a história desse tipo de texto, com as cordinhas penduradas em Portugal e entender como funciona a escansão dos versos, com a métrica e as rimas. Depois se debruçaram sobre o tema escrevendo cordéis, recitando e estudando sobre alguns cordelistas famosos.

Uma habilidade  necessária foi ler muito e se basear em importantantes referências dessa literatura de forma que quando os alunos produzissem algo, isso fosse realmente favorável e adequado a todo valor que esse gênero possui. "A semana literária também tem um perfil de formação de leitores e acho que o fato dos alunos terem conseguido produzir cordéis muito bons evidencia o quanto eles se repertoriaram por meio da leitura desses cordéis.", diz Elenice Rodrigues, assessora de Língua Portuguesa da escola.

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Além disso, após a escrita do texto, pelo fato de ser um evento aberto ao público, como um tipo de exposição interativa, é importante pensar no como será feita a representação desse trabalho, seja em forma de desenho, escultura, etc. 

A forma que é feita a apresentação é o maior contato das pessoas com o projeto, e vem se mostrado muito vantajosa.  "Quando você olha o pano que foi escolhido, a cor usada você já consegue ter uma ideia do que vai ser mostrado e quando você analisa o trabalho, é só uma confirmação do que você já tinha imaginado. Os detalhes me encantam.", análise de Bruno Eduardo, poeta e professor de literatura, sobre o evento deste ano.  E essa mostra foi além, tendo até resposta por mensagem de Jarrid Arraes, uma cordelista contemporânea, da qual um grupo do 9o. ano fez um trabalho. 

Portanto é perceptível que a mostra cultural é uma grande rede de conexão entre diferentes tipos de pessoas, vivências e pensamentos. Ela é mais que aprender sobre um autor como Patativa do Assaré, mas analisá-lo e perceber porque ele escreve daquela forma, o que na vida dele fez que fosse assim. Ela nos mostra como cultura e educação devem estar e estão profundamente conectados, mostrando talentos que muitas vezes os alunos não sabiam que tinham e pequenas partes com imenso significado do nosso próprio país. 

Fazer parte da mostra na PV é ter um olhar mais verdadeiro sobre o outro e si mesmo.

 

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Sob supervisão de Camila Nardoni, Professora de Língua Portuguesa e Rafael Tinel, Facilitador do projeto Gurus Comunica.

Fotos: Fernanda Garcia, Guilherme Logan e Kenzo Inoue, alunos Gurus Comunica.

 Foto: Estadão

 

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