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Protagonismo na escola: as ações são mesmo voltadas para as crianças? - Parte 1

A mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Queila Almeida Vasconcelos teve uma experiência familiar que ajudou a definir sua trajetória profissional: um pai com disponibilidade para as curiosidades da infância, que a fazia se sentir importante. Alguém que estimulava suas descobertas, com escuta atenta para suas falas e sentimentos. Especializada em Educação Infantil, dedica-se no doutorado a diferenciar protagonismo e participação infantil. Queila esteve na Projeto Vida, ministrando a palestra "O cotidiano da Educação Infantil e suas possibilidades de participação" como parte das ações do FOCO - Centro de Formação Continuada da escola. Confira nos posts de hoje e de amanhã algumas das reflexões levantadas por ela no encontro.

Por Fernanda Tambelini
Atualização:

Como é que se faz uma escola para as crianças?

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Uma coisa que me mobiliza é o fato de a infância ser muito curta. A gente vai para a escola para se tornar adulto e não para ser criança. Para a escola ser um espaço das crianças, ela precisa ser feita pelas crianças. Os temas protagonismo e a participação estão muito em voga na área da Educação, como já foi o sociointeracionismo e o construtivismo. Quase todos os projetos políticos pedagógicos das escolas têm o protagonismo infantil como seus princípios, mas para de fato chegarem ao protagonismo falta muito. Ainda precisamos passar por várias etapas para um dia alcançarmos isso.

O que é a participação infantil?

Nós não sabemos o que as crianças estão pensando, temos apenas teorias, hipóteses. Não somos mais capazes de acessar o pensamento delas, pois já passamos dessa fase da vida. Então, abordar a participação infantil exige atenção aos detalhes. Clarice Lispector escreveu: "É nos detalhes quase invisíveis do cotidiano que se fazem os grandes acontecimentos". Nos pequenos detalhes é que se consegue constituir uma escola que se aproxima do pensamento infantil.

Nos dicionários, participar significa comunicar, tomar parte de algo, partilhar, ter algo em comum com outra pessoa ou grupo. Bordenave foi um dos primeiros teóricos a escrever sobre diferentes níveis e possibilidades de participação. Para ele, o conceito está ligado à ideia de tomar parte, ter um envolvimento mais profundo e ter suas especificidades levadas em conta.

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A participação infantil está respaldada pela legislação brasileira. A Constituição Federal de 1988 e a Convenção dos Direitos das Crianças preveem a participação das crianças, elas passam a ter direito de participar. Além disso, ao falarmos de Educação Infantil, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei de Diretrizes e Bases também incluem a participação como direito das crianças. A BNCC a considera inclusive como direito de aprendizagem.

Para muitos adultos é difícil compreender esse conceito, pois não tiveram a experiência pessoal de uma infância participativa. Sentavam-se à mesa do jantar, mas não podiam interferir nas conversas. Hoje, é comum montarmos uma mesa separada para as crianças, num "espaço kids", onde elas podem falar à vontade, sem nos incomodar!

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