Por Adriana Giorgi Costa*
Com certeza você já ouviu falar sobre Minecraft, Fortnite, Roblox, certo? São jogos eletrônicos, ou videogames, que crianças e adolescentes adoram jogar. Existem muitos gêneros e milhares de títulos diferentes, com facilidades online para que os jovens possam ter um acesso mais fácil aos jogos. Nos longos meses de isolamento social, crianças e adolescentes, especialmente os maiores de 11 anos, aumentaram o número de horas gastas nos games.
Mas será que os jogos eletrônicos trazem benefícios?
É consenso entre os educadores que videogame é prazeroso, divertido e auxilia na socialização. Jogos eletrônicos desenvolvem inúmeras habilidades ao proporem regras, estimular o raciocínio e exigir coordenação motora.
Os educadores do Colégio Pentágono perceberam que a interação social possibilitada pelos videogames foi, para muitos alunos, a única fonte de relacionamento com amigos no período do isolamento. "Fiz muitos amigos nos jogos, os games trazem gente para você, nos encontramos sem sair de casa", conta um estudante do 9º ano. "Os games ensinam muito para a gente, treinamos trabalho em equipe, e tive a oportunidade de treinar e melhorar meu Inglês", complementa.
O isolamento social provocou o tédio e a pandemia trouxe o medo aos nossos jovens. Os jogos representam o escape para fugir de um cotidiano desagradável, pois trazem risadas e descontração. Uma aluna do 6º ano disse: "A gente fica menos preocupada quando joga. Relaxa, esquece os problemas".
Se por um lado os jovens encontraram nos jogos online uma forma diferente de socialização, por outro os pais passaram a ficar mais preocupados com o risco do vício e a possibilidade de causar comportamentos violentos.
O uso excessivo causa o adiamento de compromissos escolares e de atividades físicas. Recentemente a Organização Mundial da Saúde deu um nome ao vício em jogos eletrônicos, que passou a ser chamado de Distúrbio de Games (Gaming Disorder), classificado como um distúrbio de saúde mental. Considera-se viciada em games a pessoa que não consegue parar de jogar e que prioriza sempre os jogos em relação a outras atividades diárias e a pessoa se torna dependente. A dependência comportamental traz irritabilidade e ansiedade para o cotidiano, mudanças que aparecem quando fica afastada dos jogos.
Como saber se seu filho está com esse distúrbio? Quantas horas por dia ele fica jogando? O tempo ideal, segundo os médicos, é de cerca de 9 horas por semana. Os estudos apontam que apenas 3% dos jogadores podem ser considerados viciados. Vale notar que o vício em jogos pode mascarar questões como depressão e ansiedade. Ou seja, o vício em jogo pode ser o sintoma e não o problema.
Muitos perguntam se videogames provocam comportamentos violentos. Não há evidências científicas sobre alterações neurológicas, mas sabemos que alguns jogos estimulam a agressividade. Autocontrole e autoconhecimento podem ser o caminho. "Se percebo que estou ficando mais agressivo no jogo, respiro devagar e me acalmo.", diz outro aluno da escola.
Cabe à família supervisionar o uso dos jogos eletrônicos. Limitem o tempo, façam acordos, estabeleçam uma rotina. É importante o alinhamento dos pais na posição frente ao uso excessivo, para dar segurança aos filhos e filhas. Sim, jogar videogames também é "coisa de menina".
* Adriana Giorgi Costa é Orientadora Educacional dos Anos Finais e Ensino Médio da Unidade de Alphaville e Coordenadora do Núcleo de Orientação Educacional do Colégio Pentágono