Por Tarsila Krücken Martin*
Com a chegada das férias, várias famílias nos procuram perguntando sobre como podem manter, também em casa, as inúmeras aprendizagens que as crianças vivenciaram ao longo do período de aulas.
Com a pandemia de COVID-19 ainda nos assolando e nos convidando para mais uma temporada sem grandes viagens, a pergunta se intensifica: o que eu vou fazer com as crianças dentro de casa?
Assim como durante o sono, nosso cérebro sedimenta aprendizados, durante os períodos de férias, podemos edificar conhecimentos dos mais complexos.
Usando e abusando de ideias simples e comuns às famílias, podemos:
- Flexibilizar rotinas, garantindo uma relação menos voraz com o tempo, o que estimula habilidades socioemocionais relacionadas à tolerância ou resiliência, por exemplo.
- Nos arriscar em receitas caseiras, de preferência embalados pelos hits musicais da família, e assim aprender sobre trabalho em equipe, diversidade, Matemática, Física ou Química, sem ao menos pronunciarmos definições como medidas de massa ou volume e mistura homogênea.
- Lançar olhares para as paisagens que nos cercam, ler como o clima nos influencia, registrar essas perspectivas com fotos minimalistas ou desenhos coloridos e assim, acolher sensações e cultivar maneiras de lidar com as emoções, desejos, ideias ou projetos.
- Desengavetar jogos de cartas ou tabuleiro das nossas juventudes, viajando no tempo, calculando estratégias e imprimindo consistência emocional diante das frustrações que uma competição impõe.
- Empreender no crescimento, tirando as rodinhas de uma bicicleta ou investindo no deslizar de patins que, para além das habilidades motoras, nos convidam para buscar concentração e equilíbrio.
- Persistir em livros com capítulos e tramas mais longas, lendo mesmo para aqueles que já sabem ler sozinhos. Numa leitura em voz alta, um rico universo literário e imagético é compartilhado. Juntos, mas cada um com seus repertórios, será possível imaginar ou se engajar às peripécias dos heróis mais que valentes, bem humorados ou criativos.
- Deixar brincar, pois para esse trabalho as crianças não precisam de férias. Circuitos, cidades, cabanas, cavernas ou casinhas, por entre pés de mesa ou construídas com lençóis e almofadas do sofá exigem muitas vezes, engenharias de ponta e podem nos proteger do frio ou dos terríveis monstros que nos têm perseguido, numa época em que não podemos fazer boa parte das coisas que sonhamos e queremos.
As possibilidades são inúmeras, o essencial é estar junto.
Mais do que nunca, a qualidade dos momentos que aproveitarmos juntos com nossos filhos e filhas, se sobressairá à quantidade de horas que conseguimos dedicar a essas relações.
Também por isso, durante as férias, prefira a ludicidade, o lazer e o prazer, e divirta-se junto com suas crianças.
Assim, ao invés de dedicar-se a ensinar o que, mais cedo ou mais tarde a escola ensinará, você estará educando seus amores para a vida e suas indizíveis amarguras e doçuras.
*Tarsila Krücken Martin é Orientadora Educacional da Educação Infantil e EF - Anos Iniciais do Colégio Pentágono