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Opinião|Mapear o cotidiano e cartografar sentidos: uma experiência viva de conhecimento

As disciplinas de Geografia e História planejaram uma investigação territorial no bairro de Higienópolis. O objetivo era analisar a influência da globalização nos hábitos e costumes dos estudantes e construir um percurso de investigação a partir do que foi explorado, tanto em sala de aula, quanto em uma saída ao bairro.

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Atualização:

"A prática de um cartógrafo diz respeito, fundamentalmente, às estratégias das formações do desejo no campo social. E pouco importa que setores da vida social ele toma como objeto. O que importa é que ele esteja atento às estratégias do desejo em qualquer fenômeno da existência humana"

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Suely Rolnik

  Em uma época impregnada pelo uso de imagens, em que se inventam novas relações com o conhecimento, se torna um desafio desenvolver um pensamento criterioso e analítico sobre qual é o tipo de informação que se acessa e se consume no dia a dia. Como fazer isso a partir do cotidiano dos alunos, incutindo valor e desenvolvendo critérios para as escolhas que fazem?

  No início do ano, imbuídos desse desafio e com a expectativa de promover uma experiência de pesquisa com os alunos do 9º ano - que encerram um importante ciclo do Ensino Fundamental II - as disciplinas de Geografia e História planejaram uma investigação territorial no bairro de Higienópolis. O objetivo era analisar a influência da globalização nos hábitos e costumes dos estudantes e construir um percurso de investigação a partir do que foi explorado, tanto em sala de aula, quanto em uma saída ao bairro.

 Foto: Estadão

 O começo dessa experiência foi marcado pela elaboração de Mapas do Cotidiano, como foram chamadas as representações espaciais de hábitos realizadas pelos alunos. Desses mapas mentais e subjetivos, em que os alunos espacializaram sua imagem do bairro, foram retiradas questões comuns para analisar e estudar com maior cuidado os costumes e lugares de convívio existentes e frequentados em Higienópolis.

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 Foto: Estadão

  A partir de um perfil on line criado para a investigação do território, foram georeferenciados lugares de consumo, medo, prazer e encontro frequentados pelos alunos.  A partir desses mapas digitais, chamados de Cartografia de Higienópolis, foram então definidos três locais de investigação a serem observados e pesquisados pelos alunos na saída ao bairro: a feira, o supermercado e o shopping.

 Havia um foco no olhar - o consumo e a origem dos produtos - além de entrevistas a serem feitas com os consumidores e trabalhadores em cada um dos lugares. Os alunos se deslocaram por esses lugares habituais com objetivos diferentes do que geralmente os mobilizam. Esse estranhamento caracteriza experiências cartográficas ou de investigação territorial. Essas práticas apostam no deslocamento de sensações e percepções cotidianas como estímulo para criação de outras e novas apropriações e compreensões do território.

  O retorno da saída não deixou de ser surpreendente. A experiência afetou o grupo de modos distintos e questões diversas surgiram: por que quem trabalha aqui tem uma visão diferente do bairro quando comparada a quem mora? Por que as pessoas optam comprar em um lugar e não em outro? Por que a maior parte de nossos espaços de encontro estão mediados pelo consumo?

 Foto: Estadão

 Evidente que a investigação não acabou. Nesse momento, são sistematizadas as impressões e respostas colhidas. Muito ainda pode surgir, até uma ação dos próprios alunos começa a ser pensada no bairro; afinal, esse é princípio da cartografia: investigar para agir! De todo modo, enfrentar o desafio de analisar o cotidiano e relacionar nossos hábitos com escalas e processos mundiais é algo que já começou.

 Até o final do ano, enviamos mais notícias dessa trajetória de invenção e pesquisa.

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Eder Camargo Professor de História - Ensino Fundamental II

Miguel Crochik Professor de Geografia - Ensino Fundamental II

Opinião por Colégio Ofélia
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