Opinião|Crianças aprendem como aliar a Educação Financeira com a empatia

Alunos do 5º ano do Ensino Fundamental do Colégio Marista Arquidiocesano participam de projeto que ensina a lidar com o dinheiro, tendo a empatia como base 

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Atualização:

Muitos pais tentam ensinar seus filhos a economizar e gastar conscientemente, mas ainda existe uma grande dificuldade para iniciar esse hábito. Um agravante é que a cultura brasileira não valoriza a educação financeira infantil como um tema que deve ser amplamente debatido entre as famílias e, principalmente, nas escolas. Segundo o Banco Mundial, apenas 3,64% da população economiza pensando no futuro.

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Assim, adultos sem educação financeira têm grandes chances de se endividar das mais diversas maneiras: cheque especial, cartão de crédito, boletos bancários, entre outros, principalmente durante um período de recessão econômica.

No Brasil, a educação financeira ainda está longe de alcançar um patamar considerado necessário, especialmente quando comparada com a situação em países mais desenvolvidos.

De acordo com levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), o ano de 2020 começou com 61 milhões de negativados. Esses números refletem, também, a falta de hábito de poupar dos brasileiros: ainda de acordo com a entidade, apenas 28% dos brasileiros declaram ter poupado algum dinheiro nos últimos 12 meses, o 14.º pior índice do mundo.

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou, no início de agosto, que o número de brasileiros endividados bateu recorde histórico no levantamento feito pela entidade desde 2010. No mês de julho, 71,4% do total dos consumidores carregavam alguma dívida, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). A sondagem é realizada mensalmente.

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 Foto: Estadão

Neste cenário, os alunos do 5º ano do Ensino Fundamental - Anos Iniciais, do Colégio Marista Arquidiocesano, estão produzindo o projeto "O básico e o dispensável: trabalhando a educação financeira pautada na empatia". Nele as crianças discutem sobre como funciona um orçamento familiar, o que é uma reserva financeira para um momento de emergência e aprendem a questionar o porquê de algumas pessoas terem dificuldades de pagar as contas básicas.

O trabalho está sendo orientado pela coordenadora pedagógica Lilian Gramorelli e conduzido pela professora Dezirê Grazioli e faz parte do desenvolvimento do Projeto de Intervenção Social (PIS) da turma, uma prática pedagógica Marista que promove o diálogo e o protagonismo, permitindo entender as necessidades humanas e sociais, questioná-las e traçar caminhos para enfrentar as problematizações contemporâneas.

"As atividades são focadas em quatro pilares da educação financeira: gastar, guardar, doar e investir. Eles aprenderão o que são os cartões de débito, crédito, como funcionam os bancos, financiamentos, empréstimos e sobre o consumo consciente. Sobre doar, tratamos sobre a desigualdade de oportunidades que as pessoas têm", explica a professora Dezirê.

A intenção é que os jovens compreendam como a habilidade de lidar com o dinheiro contribui para o desenvolvimento da empatia e o contrário também. "As discussões fazem com que os alunos olhem para a realidade atual e entendam como a pandemia empobreceu as pessoas, muitas delas perdendo quase tudo. Dessa maneira, a empatia pode ser a base de uma educação financeira justa", complementa.

Opinião por Natália Venâncio
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