Debruçando-me sobre minha já longa história pessoal me dei conta de ser, também, produto de uma verdadeira legião de educadores que, injustamente, jamais foram nomeados como tal e, evidentemente, justiçados. Falo daquelas pessoas que, em todas as circunstâncias de suas vidas, jamais perderam a oportunidade de incentivar o conhecimento, de aproximar um provável educando do prazer de aprender.
Nessa galeria de injustiçados coloco em lugar de honra minha avó que lia, incansavelmente, para uma iletrada criança, histórias que me fizeram amigo fraterno dos livros. Lembro-me de um jardineiro analfabeto que me contava, com uma didática socrática e uma paciência confuciana, os segredos das plantas e do seu cuidado.
Quantos personagens esquecidos construíram, nas sombras, nossa formação sem que tivessem o nosso reconhecimento!
Tais lembranças, que me obrigaram a um extenso ato penitencial, fizeram com que voltasse às minhas reflexões aquela que é a verdadeira centelha que anima o educador, o amor ao educando que, em quaisquer situações, se valendo de sua esperança de melhorar o outrem, colhe desânimo e o transforma em vontade, encontra e ignora obstáculos.
Pessoas que, tendo pouco, entregam aos outros tudo o que tem e, assim, transformam a sua pobreza em grandeza humana.
A esses educadores desconhecidos minha profunda e eterna gratidão e o convite a todos que, por acidente, me lerem, que façam justiça a essa parcela da humanidade que constrói, incógnita, a única obra imorredoura, a verdadeira educação que, muito mais do que conteúdos efêmeros, semeia exemplos profícuos.
Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP. Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.
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