Colégio FAAP
07 de abril de 2016 | 15h31
Nada é mais desalentador do que a constatação da permanência da cultura do erro: equívocos que se repetem de forma cíclica trazendo, em cada aparição, efeitos mais devastadores em progressão geométrica. Desde sempre assistimos a epidemias de varíola, sarampo, meningite, zika, dengue e inúmeras cepas de vírus da influenza, sem que medidas sérias de prevenção sejam tomadas.
Assim, voltamos a encarar mais um surto ”buscando comprar trancas com o ladrão refestelado em nosso sofá”. O cerne da questão é a inoperância das instituições no que se refere à educação e prevenção sanitária.
Reaparecem nas paredes os recipientes com álcool, cartazes de prevenção, aulas de alerta, tudo, absolutamente necessário, mas extemporâneo e improvisado, canhestro e precário.
Em nosso Colégio, tão logo constatamos um caso da influenza H1N1, a turma foi prevenida e, as famílias, já alertadas, pelas notícias, apenas mantiveram as atitudes necessárias de prevenção e alerta sem maiores sobressaltos.
O que convém destacar é a diretriz permanente da nossa disciplina de Biologia, ministrada pela professora Mariangela Giannella que tem, como um de seus objetivos centrais, a abordagem de temas integrantes de educação sanitária. São recorrentes as chamadas para o uso de protetores solares, para a higienização das mãos, para o uso de preservativos, para as ameaças do alcoolismo, de tal forma a construir uma consciência sanitária duradoura.
Sempre que um acontecimento permita estabelecer uma relação entre a realidade e a matéria ministrada, é obrigação ética da escola aproveitar esse momento para levar o mundo para dentro da sala de aula. O crescimento do contágio abriu mais motivação de desfrute pedagógico, mas é essencial que temas pertinentes tenham lugar cativo em nossas programações como medidas educacionais efetivas de prevenção, pois, enquanto não se plasmar uma cultura da prevenção, tudo o mais é paliativo.
Mesmo nos grupos mais esclarecidos, é corriqueiro constatarmos um certo descuido para com atitudes elementares de higiene, quando as soleiras de suas casas são ultrapassadas. Exemplo emblemático é o péssimo uso de sanitários públicos.
Por fim, o que trava o braço do educador sanitário, são as perenes mazelas e equívocos dos administradores públicos que, ao final, convocam a “comunidade do pânico” a contornar sua incompetência.
Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP – SP.
Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.
Troque ideia com o professor: col.diretoria@faap.br
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