Apesar da enorme experiência e de excelentes resultados em receber e apoiar jovens em delicadas situações, fica patente que, aqui também, a excepcionalidade provocou insuspeitadas mudanças. Se dizíamos que a contemporaneidade havia criado uma "geração tarja preta" pela quantidade em que essa faixa etária consumia ansiolíticos e pela procura de terapeutas, hoje o quadro apresenta novas facetas que demandam muito mais atenção e cuidados.
Pais e educadores sempre caminharam na estreita fronteira que divide "comportamentos manhosos" de distúrbios psicológicos e comportamentais merecedores de atenção especial. Em nossos dias, há que se observar, com muito cuidado, os novos distúrbios que começam a ser apontados pelos especialistas e buscar, com eles, as ferramentas pedagógicas apropriadas para enfrentar esses comportamentos.
Se muito do que foi deixou de ser, não seria diferente com a educação. Analisando as formas de retorno ao ensino presencial, causa muita preocupação a manutenção de estratégias e abordagens pedagógicas que, se já inadequadas antes da pandemia, tornaram-se absurdas agora.
Assistimos (como temos apontado) a persistência de critérios de avaliação despropositados pelas condições didáticas vividas; temos identificado (em escolas que buscaram, sempre, seriedade), atitudes autoritárias inadequadas de disciplinamento pedagógico que ignoram, completamente, a agonia desta geração, mutilada pelas limitações e medos.
De tanto temer o novo, é possível que nos agarremos ao velho que faliu e que, com isso, criemos mais sacrifícios a quem já foi muito sacrificado!
Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP. Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.
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