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Blog dos Colégios

Homem e tecnologia: a luta entre o protagonista e o instrumento

O uso da tecnologia como ferramenta didática nos remete a uma discussão recorrente, já trazida por nós neste espaço, mas sempre extremamente pertinente uma vez que ela nos obriga a uma análise muito mais ampla, a saber: a relação dos nativos digitais com a tecnologia e com a própria inovação.

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Por Colégio FAAP
Atualização:

Discutir o potencial inequívoco das TIs é perda de tempo. A questão fulcral, como a do uso de qualquer instrumento, é a da adequação: em que momentos do processo de aprendizagem este ou aquele instrumento é, pedagogicamente, mais adequado.

 Foto: Estadão

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Nesta condição o Colégio FAAP encara todos os múltiplos recursos de que dispomos, dentre eles, o celular. Existem situações como a pesquisa orientada, a composição de textos, ou jogos pedagógicos nos quais tais recursos são necessários, bem vindos e pedagogicamente eficazes.

Lembramos que, conforme descemos nos níveis educacionais, a presença do celular em aula vai se tornando inadmissível, caso óbvio do ensino fundamental I. Ele pode ser pensado, nas condições que colocaremos, a partir da oitava série dependendo do projeto pedagógico da escola e das faixas etária e socioeconômica em questão. Assim, no ensino médio pode-se pensar no uso do celular como recurso didático controlado.

Por outro lado, não existe convivência possível do professor com o celular em sala sem uma proposta didática cuidadosamente construída. No caso das aulas onde não esteja previsto o uso de celulares e outros dispositivos móveis, proibir o seu manuseio é uma questão de respeito do qual o professor não tem o direito de abrir mão. Aliás, essa questão dos limites humanos no uso de tais aparelhos merece uma discussão muito mais detida.

E, no que diz respeito aos aspectos disciplinares da presença em sala do celular e como qualquer disposição nesse sentido, deve haver uma coesão e, sobretudo, coerência que percorra todo o conjunto de disciplinas e professores. Dissonâncias nesse sentido são sempre extremamente comprometedoras do processo pedagógico.

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Uma das distorções mais comuns cometidas pelos mais velhos (e isto não é uma referência meramente etária) é a crença no fetichismo tecnológico dos jovens. As novas gerações não se intimidam e, muito menos, se deixam encantar pela tecnologia, não será a utilização da máquina em si que atrairá maior interesse; não importa o grau de novidade do que se apresente em termos de tecnologia, passada a curiosidade inicial, não permanecerá nenhum apelo especial que não seja o da utilidade, o do bom uso.

O grande desafio sempre será treinar os professores para a utilização adequada e eficaz da tecnologia e, no caso do celular e de similares como tablets, o desafio se potencializa pelas suas incontáveis e atrativas possibilidades lúdicas e de comunicação. Nos trabalhos em sala que se valham dessa tecnologia, a inexistência um rígido e bem urdido plano de aula possibilita desvios dos objetivos incontroláveis e, fatalmente, comprometedores.

Como exemplo das muitas falácias criadas pela imposição da falsa modernidade está a permissão de deixar alunos fotografarem anotações de lousa que ignora as consequências mnemônicas da antiga e boa cópia que não deve, como tudo, perder seu lugar desde que adequada.

Assim, tanto adotar a inovação per si quanto rejeitá-la por princípio é contrassenso pedagógico a que não se pode submeter um modelo educacional tão carente de recursos e tão resistente à modernização como o nosso.

O Colégio FAAP - SP pensa e usa a tecnologia jamais perdendo de vista que, a dinâmica tecnológica e seu uso, nos obriga à uma revisão cotidiana para que os instrumentos não venham a dominar os alunos enquanto protagonistas do processo de aprendizagem.

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Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP.

Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.

Troque ideia com o professor: col.diretoria@faap.br

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