Aqui, ficaremos num foco mais restrito, mas não menos vital: o acompanhamento eficaz da vida escolar.
As tarefas que envolvem famílias e educadores na supervisão da vida escolar são, de tal forma, importantes, que o descuidar delas, certamente, conduzirão à fatídica pergunta de abertura. Descuidar do cotidiano da vida escolar é correr o risco de produzir desastres irreversíveis na vida de um ser humano na medida em que, pequenos vícios iniciais se transformam em processos viciosos.
Pode parecer que estejamos propondo a constatação do óbvio. No entanto, o longo conviver em escolas, em todos os níveis, nos conferiu condição a trazer algumas sugestões de caráter prático para as famílias que, mais e mais, têm seu tempo sacrificado pelas múltiplas obrigações profissionais.
Comecemos por aquela inevitável e cotidiana pergunta: "filho, como foi seu dia na escola?". Para que tal começo tenha validade é essencial que nos interessemos pelos pormenores, que não nos contentemos com respostas monossilábicas ou evasivas que, muitas vezes, podem ser indicativas de problemas escamoteados. Assuntos que interessam, necessariamente,desencadeiam outras perguntas, questões solitárias são sinônimos de desinteresse. Com o devido cuidado de não desencadear interrogatórios, os pais devem buscar informações que possam revelar detalhes da vida escolar dos filhos.
Outra fonte importante de informações são as plataformas digitais de comunicação que, como no caso do Colégio da FAAP, disponibilizam para alunos e pais, quase toda a relação de eventos e obrigações escolares. Consultá-las metodicamente e compará-las com as tarefas domiciliares dão um fidedigno retrato do desempenho escolar do aluno. Consultas esporádicas em vésperas de provas não têm a eficácia necessária a quem almeja um processo de aprendizagem sem sobressaltos e evolutivo.
Outro bom e antigo hábito é o de verificar, sistematicamente, agendas, cadernos e livros. Em qualquer nível de escolaridade (exceto o superior), tal cuidado não deve ser confundido com invasão de privacidade, mas como manifestação de cuidado e interesse que, seguramente, assim serão entendidos pelos filhos. Não é incomum surpreendermos famílias ao revelarmos que seus filhos não têm, ou não usam o material escolar necessário, o que só as sensibiliza após algum desastre escolar.
Gerenciar a vida de um estudante é uma cuidadosa carpintaria, é um constante adequar de sintonias finas que, ao menor descuido, pode trazer surpresas desagradáveis. Em um mundo de incontáveis fontes de apelo, orientar os jovens para encararem as dificuldades do estudo não é tarefa a que possamos nos dedicar eventualmente e com reduzida atenção.
Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP. Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.
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