Ante tal desafio, as famílias se obrigam a grandes sacrifícios, mas devem ter consciência de que bons colégios devem constar no topo das prioridades fazendo com que nada possa comprometer o máximo desfrute desse aspecto essencial na educação.
Explicando melhor: se a escola de nossos filhos oferece uma formação sólida naquelas que são as necessidades essenciais do educando, nas diversas etapas da sua formação, é vital que todos os esforços se concentrem na plena realização desses objetivos evitando, ao máximo, dispersão de energia e tempo.
Caso nossos educandos consigam dar conta, satisfatoriamente, de suas obrigações escolares, aí, sim, podemos pensar no universo (muitas vezes absurdo) de atividades que se oferecem como complementares à formação contemporânea.
No nível dessa lista complementar colocamos, sem nenhuma dúvida maior, os cursos de língua inglesa: que o mundo globalizado obriga o domínio desse idioma é discussão descabida, mas querer priorizá-lo em detrimento, por exemplo, do nosso idioma, é privar a refeição do alimento para adquirir o protetor solar.O nosso idioma é a nossa identidade, é o nosso instrumento de relação primária com o mundo e que deve preponderar a qualquer outro código e comunicação.
Se a discussão acima esgotasse as demandas por atividades extraclasses, o assunto seria breve e pouco controverso. O que vemos e nos preocupa muito é a neurose que se apossou das famílias e que submete crianças a agendas de executivos de alto nível: dança, música, futebol, equitação, judô, capoeira, enfim, um amplo espectro de obrigações que esgotam e desviam o educando de suas atividades vitais, a escola e o brincar livre de tutores.
Sem dúvida, aprender a nadar é muito importante; jamais discutiríamos que aulas de arte podem desabrochar latências e abrirem horizontes criativos inusitados. O que não se pode aceitar é ter, nas escolas, crianças exaustas que, ao final de cada ano letivo, colecionam atividades inconclusas e consequentes frustrantes fracassos escolares.
Cabe às famílias ponderarem os reais anseios de seus filhos, suas efetivas possibilidades de encararem tais encargos e, sobretudo, de saberem administrar sua ansiedade quanto ao futuro de seus filhos lembrando que, mais do que seres humanos bem formados, nossos filhos merecem a felicidade que, nunca, é companheira da aflição.
Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP.Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.
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