Falo das razões que levam milhares de pessoas a, ao arrepio da ciência, do bom senso, até mesmo da compostura social, descumprir normas elementares de prevenção à pandemia e da vida em sociedade. Propaganda massiva, divulgação de consequências tenebrosas, exemplos de todos os polos desenvolvidos da humanidade e, ainda assim, multidões insistem em desafiar preceitos higiênicos e atitudes de convívio elementares!
Alguns dirão, pessoas desvalidas da educação, argumento desprovido de fundamento quando, muitos dos transgressores, pertencem a setores privilegiados da sociedade. Fruto de um momento de sufocamento social, outro argumento falso quando o uso de cinto de segurança, o fumo em lugares proibidos e outras transgressões elementares à vida em sociedade pululam nos "tempos normais".
Entre o estarrecimento e a revolta pelo descaso com a vida alheia, surge a pergunta que não quer calar: onde a educação falhou de modo tão profundo e indelével?
Se dentre os objetivos essenciais da educação se insere, indiscutivelmente, o despertar para as possibilidades e horizontes das ciências e o respeito pelo próximo, nosso fracasso é imenso!
Ou melhor, e sendo mais justo: a tarefa do educador é muito maior do que se pensava!
Uma parte da resposta é um mantra de minha vida profissional. Só o exemplo, de fato, educa enquanto princípio para a gestação de uma atmosfera de cultura e cidadania.
E esses têm sido objetivos pedagógicos de nosso Colégio: criar, em todos os conteúdos disciplinares, na essência de nosso tratamento didático e, sobretudo, no conjunto da vida cotidiana escolar, uma cultura de cidadania e respeito ao conhecimento.
Não mais sobreviverão instituições educacionais focadas, meramente, na aquisição de conteúdos, na busca restritiva e medíocre de condições para o sucesso em provas.
Na era do conhecimento, a formação de cidadãos conscientes criará as condições para que a ciência e a cultura sejam instrumentos civilizatórios e, não mais, apanágios de alguns, menosprezo de muitos e, assim, ferramentas inócuas de progresso humano.
Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP. Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.
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