Chegando à etapa final de mais um ano letivo, ressurgem, com o vigor da eterna juventude das escolas, os mesmos fantasmas que as assombram desde imemoriais tempos: quantas serão as recuperações? Será que consigo passar? O Conselho de Classe vai me dar oportunidade? Como fazer com um ano perdido?
Algumas informações e reflexões podem ajudar as famílias a se orientarem, nessa fase aguda, para uma parcela do alunado, já que, outra já vai pensando nas férias.
Antes de tudo, quando, escola e família estão em sintonia constante, não há lugar para surpresas, o que não impede tropeços superáveis quando trabalhados pelo conjunto dos responsáveis. Mesmo alunos bem acompanhados no seu caminhar pedagógico, não raro, apresentam desvios peculiares à turbulência do crescimento.
Para começar, lembremos do espírito da lei e dos princípios que regem as boas escolas no que tange a reprovações e recuperações. Antes da fria média aritmética que assombra os alunos, a "média pedagógica" deve ser considerada, ou seja, o quanto o aluno demonstrou de progresso, de empenho, dentro de suas possibilidades. A consideração do estudante como um todo, de seu envolvimento, da superação de suas limitações, de sua atitude enquanto parte de um processo social de aprendizado, tudo isso deve ser ponderado e relativizar, ou mesmo, exprimir sua média final, mesmo que o "numérico" possa estar abaixo do estabelecido.
No mesmo sentido, foi instituída a recuperação que deve ser uma nova oportunidade de confirmação da capacidade do aluno de ser promovido para a série subsequente. Esperar dessa etapa milagres de aproveitamento é um contrassenso, é admitir que todo o processo de avaliação foi falho. Assim como fazer da recuperação algo que possa se assemelhar a uma punição, como já soubemos acontecer, é desvirtuar uma oportunidade de autoafirmação do estudante, ou não premiar um esforço, que o levou ao seu limite, mas que pode não ter atingido a famigerada média.
Para que essa avaliação do aluno, como um todo, seja feita com eficácia, é essencial a atuação criteriosa dos Conselhos de Classe, que, soberanamente, dentro de um contínuo processo de acompanhamento do aluno, pode avaliar, com segurança, suas reais condições de aprovação. Tal instituto tem o condão de evitar, quando bem orientado, eventuais "excessos de zelo" de alguns professores. Da mesma forma, é comum, nesses Conselhos, a premiação de alunos que, ainda que tardiamente, mostraram reações positivas, justificando votos favoráveis à aprovação.
Assim, nosso melhor conselho é que, nesta fase terminal, buscando o referendo do Conselho de Classe, o aluno busque o retoque positivo de sua imagem nas disciplinas em que esteja periclitando sem se descuidar, jamais, de seus demais "eleitores".
Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP.Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.Troque ideia com o professor: col.diretoria@faap.br