Foi assistindo ao documentário "Absorvendo o Tabu" que a aluna Luana Escamilla, do terceiro ano do Colégio FAAP, decidiu criar, sozinha, uma campanha para arrecadar absorventes para pessoas em situação de vulnerabilidade social. "Eu nunca tinha pensado sobre o assunto, ou ao menos escutado alguém falar sobre a pobreza menstrual. Esse documentário me tocou muito e comecei a pesquisar. Percebi também como todas as mulheres presentes na minha vida tratavam a menstruação como um segredo e vi que ter um protetor menstrual é, infelizmente, um privilégio", declara a jovem.
A campanha Fluxo sem Tabu também quer levar informação sobre a menstruação, considerada ainda um tabu para muitas meninas. "A democratização do conhecimento sobre a menstruação e o acesso a itens básicos de higiene são fundamentais para quebrar esses preconceitos", diz a aluna, que questiona: "Você já imaginou não ter água, papel higiênico ou protetores menstruais durante seu ciclo?".
Mas, infelizmente, essa é uma realidade de várias pessoas em situação de vulnerabilidade, que acabam recorrendo a métodos inseguros para conter o próprio sangue, como folhas de jornais, pedaços de pano, folhas de árvores e, até mesmo, miolo de pão. E a pandemia agravou ainda mais essa realidade, com menos pessoas doando por conta das restrições de circulação, mais pessoas desempregadas e queda na renda das famílias.
Ainda no começo, a campanha conta com três instituições parceiras, que distribuirão os absorventes arrecadados: Casa Hope, ABCD Nossa Casa e Instituto C. É possível ajudar, doando por meio da vaquinha virtual, cuja meta é chegar ao valor de R$ 20 mil, ou deixando no ponto físico disponível no campus da FAAP, em São Paulo.
Triste realidade em números
- Uma pesquisa de 2018 da marca de absorventes Sempre Livre apontou que 22% das meninas de 12 a 14 anos no Brasil não têm acesso a produtos higiênicos adequados durante o período menstrual. A porcentagem sobe para 26% entre as adolescentes de 15 a 17 anos.
- A mesma pesquisa, realizada com 1,5 mil mulheres de cinco países, revelou que no Brasil 66% das mulheres se sentem desconfortáveis ao falar sobre menstruação e 57% se sentem sujas.
- Em média, uma estudante brasileira perde até 45 dias de aula devido ao sangue menstrual, prejudicando seu desempenho escolar. Os motivos vão desde o precário acesso aos absorventes, que não são considerados produtos de higiene básica, até a falta de saneamento nas escolas.
Vale assistir
O documentário "Absorvendo o Tabu", da cineasta Rayka Zehtabchi, venceu em 2019 o Oscar de melhor documentário de curta-metragem. Disponível na Netflix, relata o estigma em torno da menstruação em um vilarejo indiano, a quebra de tabus e a conquista das mulheres que conseguiram independência financeira a partir de uma máquina que produz absorventes biodegradáveis de baixo custo.
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