Nunca, na História, o homem enfrentou medidas tão opostas e conflitantes do tempo, que neste momento aceleram o caos civilizatório que vivemos.
Se nossas vidas, ainda, são medidas em horas e minutos (referências incômodas e escravizantes amarradas em nossos pulsos, inscritas em quase todos os aparelhos que nos cercam), vivemos, da mesma forma, nossas rotinas no tempo do universo digital, o nano segundo, a milionésima parte do segundo e, quando este "tempo da máquina" hesita, nos parece que tudo está paralisado.
No polo oposto a esse tempo informacional fulminante, milhões de seres pautam suas vidas, rigorosamente, pelas éticas e valores multimilenares das religiões tradicionais que, enquanto reação à transitoriedade e inconsistência, vive no limiar da imobilidade.
Tal caldo de tempos opostos e conflitantes geram, em nossos inconscientes, impasses que vão da profunda insegurança em nossos valores, à incapacidade de discernirmos a gestão adequada do cotidiano, a medida temporal a ser seguida e, aqui, chegamos ao ponto:
Voltar à "vida normal"!
Retornar às aulas presenciais!
Esperar as vacinas ou a imunização de rebanho?
Nesse emaranhado temporal, nossas urgências, nos fazem ignorar o bom senso e a ciência.
Entre o tempo de "muito longa duração" (de Fernand Braudel) e a centelha temporal informacional, devemos localizar a medida adequada: nas maiores decisões é que o momento certo faz a diferença.
Eis mais uma grande tarefa didática a trabalhar com os nossos alunos, refletir sobre essa medida da nossa humanidade.
Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP. Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.
Troque ideia com o professor: col.diretoria@faap.br