Memórias, histórias, anedotas, pesadelos, júbilos, fracassos, glórias e desastres gravitam eventos escolares envolvendo provas, exames, enfim, a medição do desempenho escolar. Falar de memórias escolares é falar de como a escola e professores não souberam avaliar nossos esforços e dificuldades; mesmo porque, nossos êxitos, dificilmente, deixaram marcas tão indeléveis quanto os nossos fracassos. Sobretudo no ensino fundamental, onde o incentivo é, mais do que tudo, a pedra angular da educação.
Apesar do quanto se disse sobre avaliar enquanto um processo contínuo de acompanhamento do crescimento do educando, medindo esforços e limitações, dessacralizando os "grandes momentos" (entenda-se provas), reduzindo-se, ao máximo, fatores subjetivos, ainda temos posturas anacrônicas a comprometer a educação. Ainda vicejam os "colégios autoproclamados fortes", onde os massacres didáticos são usinas de traumatizados.
O Colégio FAAP busca, desde o ingresso de nossos alunos, medir limites, alavancar potencialidades, enfim, utilizar critérios de avaliação que considerem, objetivamente, individualidades. Se tal postura pedagógica é possível em nosso Colégio, com algum esforço, poderá ser adotada em qualquer outro. É, apenas, uma postura filosófica de como encarar a educação.
Outra mazela que compromete tentativas de se aprimorar critérios de avaliação são as arriscadas notas de participação, nas quais a subjetividade confunde comportamento com participação, empatia com aproveitamento. O uso inadequado e, portanto, desastroso deste fator de avaliação tem sido argumento equivocado de manutenção de retrocessos, uma vez que são fontes de atritos e desgastes nas relações escolares.
Num mundo em que produtividade e desempenho permeiam a vida em quase todos os seus segmentos, a busca por resultados positivos gera profundas marcas nos seres humanos. Critérios de avaliação, enquanto os instrumentos geradores desses indicadores, não podem ficar a mercê da "ditadura de autocratas da caneta vermelha". É inadmissível, hoje mais do que nunca, avaliar o desempenho humano em décimos de ponto, o que nos lembra um provérbio árabe que adaptamos à educação: se Deus avaliasse os homens como certos professores, ele estaria sozinho no paraíso.
Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP. Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.
Troque ideia com o professor: col.diretoria@faap.br