PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Blog dos Colégios

Como podemos contribuir para uma sociedade antirracista?

Por Colégio Elvira Brandão
Atualização:
Por uma educação antirracista em nossas escolas. Foto: Estadão

A professora e filósofa Angela Davis, reconhecida no mundo todo por integrar o movimento Panteras Negras durante a década de 1970, nos Estados Unidos, é certeira ao pontuar que "numa sociedade racista, não basta não ser racista: é preciso ser antirracista". 

PUBLICIDADE

É preciso assumir uma posição contrária ao racismo, promover ações concretas que resultem em mudanças estruturais em nossa sociedade.

O nosso projeto tem foco na educação para as relações étnico raciais positivas, tendo a ambiência racial como um dos pilares centrais de uma construção social igualitária. 

Desta maneira, nós, do colégio Elvira Brandão, manifestamos o nosso compromisso em promover um ecossistema em que as experiências sejam significativas, baseadas na colaboração coletiva, celebrando a diversidade e a construção desta escola em movimento.

O que é antirracismo?

Publicidade

Antirracismo é todo movimento de resposta a uma ação racista.

A filósofa Djamila Ribeiro, em seu livro Pequeno Manual Antirracista nos aponta que o primeiro ponto a entender é que falar sobre racismo no Brasil é, sobretudo, fazer um debate estrutural, sendo fundamental o estabelecimento da relação entre escravidão e racismo, mapeando suas consequências: "A questão que se coloca é: o que cada um de nós está fazendo ativamente para combater o racismo?"

De acordo com a professora Lia Vainer Schucman, ainda que todas as evidências apontem o racismo como explicação para as desigualdades raciais, o racismo brasileiro tem a especificidade de ser velado e sutil. A ideia de "democracia racial" faz parte do imaginário brasileiro e constrói um ideal do qual os brasileiros, em sua maioria, não abrem mão.

Neste sentido, a educação tem um papel fundamental em desmistificar esta ideologia mediante a ampliação do debate sobre a raça, a história do nosso país e a revisão de nossas práticas enquanto sujeitos pensantes.

Diversidade e representatividade. Foto: Estadão

Educação antirracista

Publicidade

"Toda criança e todo o adolescente têm direito a uma educação de qualidade e inclusiva, baseada no reconhecimento e valorização da identidade, história e cultura dos diversos povos que ajudaram a formar nossa sociedade multiétnica e multirracial. (...) Isso só será possível por meio da universalização de uma educação antidiscriminatória e de qualidade", diz o documento "Indicadores da qualidade na educação: Relações raciais na escola", elaborado pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) em parceria com outras instituições.

A educação antirracista é aquela que ativamente combate toda e qualquer expressão de racismo na escola e que reconhece e valoriza as várias contribuições de africanos, de afro-brasileiros e de povos indígenas em todas as áreas do conhecimento humano para o Brasil e o mundo.

Mais do que abordar a história afro-brasileira e a indígena na sala de aula, é preciso discutir racismo estrutural e, consequentemente, privilégios.

A educação antirracista é essencial para a construção de uma sociedade mais equitativa e menos violenta. 

 

O que a escola pode fazer na prática?

Publicidade

A educação antirracista envolve propostas pedagógicas e de gestão. Listamos algumas ações que podem surtir efeito real na formação dos estudantes:

  1. Diversidade e treinamento da equipe.

Uma equipe diversa é essencial para uma educação antirracista para que todas as famílias e crianças se sintam representadas e acolhidas.

Além disso, todos os profissionais da escola precisam ter treinamento adequado para lidar com situações de racismo. Formação continuada e qualificação profissional são essenciais para a capacitação da equipe.

2. Revisão do currículo.

Publicidade

É preciso que a bibliografia esteja coerente com o discurso da educação antirracista, ou seja, rever livros que tratam a história de formação social do Brasil por uma perspectiva colonial, esta que apaga as narrativas dos povos originários e negros.

Isso é muito importante para que as crianças tenham uma visão de suas origens, que vão muito além da escravidão. Outras narrativas precisam ser contadas, de modo a fomentar o debate sobre cultura e história afro-brasileira e africana, como já prevê a Lei 11.645/08 (antiga Lei 10.639/03).

Revisão do currículo para contemplar referências negras e indígenas. Foto: Estadão

3. Enfrentamento de casos de racismo.

A escola precisa ter postura firme em relação ao racismo e combater esse tipo de violência.

As famílias e as crianças precisam se sentir seguras no ambiente escolar.

Publicidade

Caso ocorra algum caso de racismo, a escola precisa acolher a criança e a família, fornecendo apoio e propostas de solução e reparação.

Um bom começo é abrir espaços de diálogos para discutir o assunto com funcionários, pais e alunos.

formação antirracista para educadores e famílias. Foto: Estadão

Aqui no Colégio Elvira Brandão, temos o Entre Nós, um espaço de diálogo entre os membros da comunidade escolar, que é composta pelas famílias, educadores e estudantes do Elvira, no qual abordamos temas importantes para o seu desenvolvimento.

Acreditamos na educação inclusiva e na construc?a?o do aprendizado de maneira colaborativa e afetuosa. Também estimulamos os nossos estudantes a produzirem conhecimento e a manifestarem suas opinio?es, sendo participativos dentro e fora da sala de aula, o que os torna ativos no contexto escolar e cidada?os atuantes na comunidade.

 

RELATO DAS AÇÕES ANTIRRACISTAS QUE JÁ ESTÃO ACONTECENDO

Publicidade

Com o objetivo de promover ações que consolidem um ambiente escolar antirracista, em outubro de 2021, iniciamos o Projeto de Educação Antirracista na nossa escola. Convidamos a nossa comunidade escolar, famílias e educadores a participarem ativamente desse projeto, o qual é composto pelos comitês: 

  • Financeiro/ Administrativo e
  • Formativo/ Pedagógico.

Já nos meses de novembro e dezembro de 2021, foi lançado o Programa de Bolsas de Estudo para Estudantes Negros e aconteceram as primeiras reuniões de cada um dos comitês.

Agora, janeiro e fevereiro de 2022, já temos resultados para compartilhar e celebrar!

ESTUDANTES BOLSISTAS 

Publicidade

As aulas começaram no dia 01 de fevereiro e estamos muito felizes em comunicar que temos quatro estudantes contemplados com a Bolsa de Estudos do Programa Antirracista. A inclusão e integração dos estudantes em nosso ambiente escolar foi total, mas as séries e nomes não serão divulgados, para preservar suas identidades e dados pessoais.

DOAÇÕES PARA OS ESTUDANTES BOLSISTAS

Como resultado dessa ação, contamos hoje com mais de 30 famílias que aderiram ao programa de doação para arrecadação dos recursos que serão direcionados totalmente às despesas escolares, como material, uniforme, alimentação e demais necessidades específicas dos estudantes beneficiados pelo Projeto.

A gestão dos recursos adquiridos pelas doações será feita pela direção do colégio juntamente às famílias que participam do comitê financeiro do Projeto.

Projetos e atividades antirracistas em todos os componentes curriculares. Foto: Estadão

LITERATURA E AQUISIÇÃO DE OBRAS DE REFERÊNCIA

Publicidade

Fizemos o levantamento das obras de artistas literários negros e indígenas em nosso acervo da biblioteca, buscando a aquisição de novos livros e a ampliação do acesso dos nossos estudantes aos títulos de referência em um contexto antirracista. 

Além disso, nos Anos Finais e Médio, as obras literárias adotadas para a leitura neste ano passaram por um critério de seleção que atendesse ao projeto: os estudantes lerão livros escritos por mulheres negras, como Jarid Arraes e Chimamanda Adichie, e indígenas, como Daniel Munduruku, entre outros.

 

 

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS

Para as crianças da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Fundamental, as obras que trazem um trabalho antirracista serão trabalhadas mensalmente nas contações de história feitas pelos educadores da nossa identidade literária, apresentando novos autores e ampliando o repertório de temáticas e de realidades.

Quanta coisa, não? E é só o começo!

Se você ainda não é membro da nossa comunidade, agende uma visita e conheça a nossa escola.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.