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Blog dos Colégios

A importância do autoconhecimento na juventude

Por Colégio Elvira Brandão
Atualização:

A juventude é uma fase de muitos questionamentos e incertezas, justamente quando mais são cobradas tantas respostas definitivas sobre a vida e a carreira. Para os jovens que estão cursando o Ensino Médio, a angustia se potencializa no segundo semestre do ano, já que as inscrições dos vestibulares começam a aparecer aos milhares e, com elas, vem a pressão de precisar decidir por uma profissão quando se tem só 17 anos, ou seja, muitas vezes sem ter tido tempo de se conhecer ou ter passado por muitas experiências.

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Marc Kirst, atualmente com 24 anos, sabe muito bem como é isso e tirou desse momento um incentivo para olhar para si mesmo e buscar do que realmente gostava. Aos 18 anos, ele entrou na faculdade de administração da UFSCar Sorocaba, onde começou sua jornada empreendedora como voluntário no Movimento Empresa Júnior e na AIESEC, mas decidiu pausar sua graduação em 2012. Depois disso se dedicou à competição internacional de empreendedorismo social Your Big Year em San Francisco, EUA, de que foi Vice-Campeão, e fundou o Prove em 2013, um programa que oferece aos jovens ? dos Ensinos Médio e Superior ? um percurso de autoconhecimento para que possam ativar seus potenciais.

O palestrante Marc Kirst falando sobre sua experiência no programa Your Big Year Foto: Estadão

Em agosto, ele foi convidado a vir ao Elvira Brandão para falar sobre suas experiências de vida, a importância do autoconhecimento e mostrar que a juventude não precisa ? e nem deve ? ser um momento de pressão. Aliás, na visão de Marc, adolescência é, provavelmente, a maior mudança que o ser humano vive durante a vida, já que representa a saída da fase infantil para a fase adulta, em que se torna responsável por sua própria ação e, por isso, precisa-se dar a devida atenção a ela.

"Nessa fase da vida, existem muitas perguntas importantes, profundas e poucos momentos para lidar com elas com a profundidade que elas merecem. Nós estamos em uma sociedade muito voltada e condicionada a só dar atenção para as respostas, então a expectativa sobre o jovem é a de responder: é responder o gabarito certo, é responder que faculdade você vai fazer, com quem você vai casar, o quanto você quer ganhar. São muitas afirmações e pouco questionamento. Então, na correria do estudante, a gente 'liga o piloto automático', nos deixando em segundo plano. O que eu gosto muito e o que mais me motiva nesse trabalho é que, em qualquer momento em que eu converso com um jovem, eu valorizo a importância que as perguntas têm", explica Marc Kirst.

Além do Brasil, Marc já pôde ter contato ? através do Prove ? com jovens da Angola, Espanha, Portugal e Inglaterra, com culturas e realidades socioeconomicamente bem diferentes, mas que tinham as mesmas angustias. "Trabalhei com pessoas que moravam na favela e outras que tinham um helicóptero. Embora as realidades fossem muito diferentes, as perguntas eram as mesmas, porque, afinal, nós somos os mesmos: 'e se eu decepcionar os meus pais? como eu faço para ser feliz, seguindo meu sonho e ganhando dinheiro? como fazer a diferença no mundo? e se eu não conseguir e o que fizer não for o suficiente?'" eram algumas das questões que ele mais ouviu nesse período.

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Alunos do 2º e 3º ano do Ensino Médio do Elvira na palestra Foto: Estadão

Sua vinda aqui ao Colégio se conectou muito às aulas de Sociologia, como conta o professor André Aly: "Esse semestre começou com um movimento de trazer as questões dos alunos mais à tona, escutando-os mais do que trazendo algo. Assim, a partir do que eles trouxessem, eu estipularia um processo de aprendizado. E o foco foi trabalhar no aspecto 'como as pessoas se tornam o que são?'. Nesse quesito, a palestra do Marc casou muito bem com o conteúdo que eu estava trabalhando tanto nas aulas do 2º quanto do 3º, a questão do propósito de vida e como a gente é (ou não) influenciado a experimentar".

No caso de Marc, ele se tornou muito do que é justamente por ter dado atenção às suas angústias e viu no empreendedorismo uma saída para fazer o que queria. Segundo o jovem, "empreender pode unificar seus gostos e talentos. Mas é importante que o empreendedorismo não seja entendido como a única solução. Hoje me incomoda um pouco a moda do empreender, tudo virou empreendedorismo e startup. O empreendedorismo é um caminho, em que existe bastante liberdade. Eu sempre dou uma dica para quem quer empreender: 'olhe para você mesmo e veja onde estão seus incômodos. Assim você tem muito mais força e motivação para empreender', e não algo baseado em uma análise de mercado".

 Foto: Estadão

 

Visão dos alunos Para os estudantes, o conteúdo da palestra foi muito rico, possibilitando mudanças de pensamento sobre assunto. A aluna do 2º ano do Ensino Médio, Clara Moreno de 16 anos, afirma que "ficou muito mais leve olhar para essa fase da vida. Ao contar as suas experiências e falar sobre todo o percurso para chegar aonde chegou, ele fez com que ficasse muito mais claro e palpável para a gente (...) Ele passou a entrar em vários cursos e eu acredito que se eu fizer isso e sair do convencional eu vou descobrir o que eu quero fazer. Essa palestra dele despertou algo dentro que mim que talvez seja o que eu quero fazer para minha vida".

Vitória Rizzo, 17 anos, estudante do 3º ano do Ensino Médio, conta que a conversa "tirou um peso". "Nós não temos a faculdade como opção, isso nos é totalmente imposto e ele mostrou que a faculdade é só mais uma escolha". Além disso, ela ressalta os pontos positivos da abordagem dele: "conversando com meus amigos, nós comentamos que a maioria das pessoas que vêm nos dar palestra acaba tendo um ar de superioridade e nós não sentimos que aquilo está diretamente ligado com a gente. O Marc fez o oposto. Ele chegou brincando, falando de igual para igual".

Dinâmica com os alunos durante a palestra Foto: Estadão

Futuro do projetoSobre o Prove, Marc afirma que agora o próximo passo é trabalhar com as famílias. "Cada vez mais queremos falar com os pais, mas é um grande desafio engajá-los na conversa. Do mesmo jeito que para o filho é desafiador esse momento, para a família também é, pois existe aquele pensamento: 'como agora eu deixo de ser o dono da verdade? O que é ser mãe e pai agora que meu filho é adulto?'"

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"Atualmente, a gente tem trabalhado muito com a questão de empatia com os jovens. Só por um processo de comunicação empática, em que você se coloca no lugar do outro e compreende de onde vem a crença e as falas do outro, a relação já se suaviza muito, porque senão vira um embate do certo x certo, gerando duas possibilidades: conflito ou submissão do filho à hierarquia dos pais, mas nenhuma tem diálogo. O que nós tentamos promover na relação familiar é justamente o diálogo, é compreender quais são as necessidades do outro".

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