Mídias compõem "mitologia" do adolescente contemporâneo

O excesso de informação ao qual estamos submetidos em tempos de redes sociais pode significar simplesmente ignorância -  caso não tenhamos habilidade e ferramentas para filtrar o que nos é relevante e reter o que vale a pena.  Não se trata de teoria da conspiração ou paranóia - nem apenas de ideias de manipulação do linguista Noam Chomsky.  Vivemos num mundo de excesso de "luz". Ao contrário da contenção  da Idade Média, o exagero da "Idade Mídia" pode cegar.

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Por Colégio Bandeirantes
Atualização:

Lançamento do filme "A Moeda", realizado pelos alunos do curso Idade Mídia 2014 Foto: Estadão

Como conseqüência, a sociedade hoje enxerga a geopolítica no mundo e os cidadãos criam suas identidades (e as dos outros), a partir dos veículos de comunicação - sejam pelas quase ultrapassadas "mídias de massa" ou pelas chamadas mídias sociais.  Os adolescentes, vale lembrar, estão no centro dessa "mitologia" contemporânea, onde Deuses e demônios são criados com rapidez e histórias procuram explicar modelos de comportamento.

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Antes mesmo da Internet ganhar força no Brasil, o Bandeirantes buscou nos jornalistas Alexandre Sayad e Gilberto Dimenstein uma parceria que colocasse o tema da "alfabetização para a mídia" como algo relevante no Colégio.  Nascia há 13 anos o Idade Mídia - programa que coloca um grupo de estudantes para descobrir, experimentar, escutar e sobretudo vivenciar um ano no universo da comunicação.

Entre papos com profissionais inovadores, debates sobre abordagem e conteúdo midiáticos além de visitas a espaços de comunicação, um desafio é lançado ao grupo: produzir o próprio conteúdo, criando também um veículo autêntico de comunicação. O resultado é surpreendente: são 11 revistas, quatro filmes, além de dezenas de fanzines lançados do Band para a o mundo. O livro "Idade Mídia" A Comunicação Reinventada na Escola", que apresenta a metodologia do programa, é utilizado em quatro universidades brasileiras.

Vale lembrar que a UNESCO (Fundo da ONU para a Cultura e  Educação) redefiniu o conceito de alfabetização, o estendendo para a leitura de imagens e mídia. Para No século XXI, a habilidade de navegar no universo da comunicação sem ser engolido por ele tornou-se uma questão de cidadania.

Afinal, em tempos em que Estado Islâmico e Boko Haram fazem seu trottoir  com padrões de Hollywood - a exemplo do nazismo diante da Segunda Grande Guerra - não há espaço para justificar um possível subdesenvolvimento na hora de produzir comunicação. No código adolescente, a máxima é "comunico, logo existo". A educação formal não pode fingir que não enxerga essa questão.

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* Alexandre Le Voci Sayad é jornalista e educador. Professor do Colégio Bandeirantes, membro da aliança para alfabetização para a mídia da UNESCO internacional e fundador do MEL (Media Education Lab).

Veja mais:

Conheça o filme "A Moeda", feito pelo grupo de 2014

Assista a "Retalhos", documentário do grupo de 2013 

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