Frente parlamentar de educação é lançada com críticas ao MEC

Foi lançada hoje na Câmara dos Deputados a Frente Parlamentar Mista da Educação, que reúne deputados, senadores e organizações não governamentais. A ideia é a de defender que as políticas públicas da área sejam direcionadas para melhorar a qualidade do ensino e que se apoiem em evidências do que já funciona no Brasil e no mundo. No evento de lançamento, parlamentares mostraram preocupação com as diretrizes atuais do Ministério da Educação (MEC), tanto na gestão de Ricardo Vélez Rodrígues, quanto do recém nomeado Abraham Weintraub.

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Por Renata Cafardo
Atualização:

É a primeira vez que uma frente parlamentar de educação tem essa formação. "Não queremos que o foco seja desviado para temas sem importância alguma, como Escola sem Partido, marxismo cultural e homeschooling", disse o deputado federal Israel Batista (PV-DF), um dos membros do grupo. Segundo ele, se o MEC insistir nessas questões "vai ficar falando sozinho".

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"Não dá para ficar criando inimigos imaginários, já temos os vilões conhecidos", completou a presidente do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, que também faz parte da Frente. Além dela, representantes da Fundação Lemann, do Itaú BBA e do Cenpec também estavam presentes ao lançamento.

O deputado Idilvan Alencar (PDT-CE) disse que suas maiores preocupações são a comissão instalada pelo MEC para analisar as questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a falta de gráfica para imprimir o exame, depois da falência da contratada atual. "O Enem está ameaçado. Precisamos de explicações sobre o que está acontecendo para não deixar os estudantes ainda mais inseguros."

"O ministro é novo, mas os problemas da educação, não", afirmou a presidente da frente, deputada Dorinha Resende (DEM-TO). "Somos parceiros, mas também somos vigilantes." Segundo ela, um dos focos do grupo será a discussão do Fundeb, o fundo de manutenção da educação, que representa hoje 65% do dinheiro para área no País. O prazo legal para discussão acaba em 2020 e o governo ainda não se posicionou sobre o assunto.

Outra preocupação é a política de alfabetização, cuja minuta do decreto revelada pelo Estado previa uma preferência para o método fônico, o que, segundo ela, direcionaria recursos apenas para quem aceitasse seguir esse modelo. "Há vários municípios fazendo um ótimo trabalho com outros métodos, teriam que mudar para ter dinheiro do MEC?"

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Na segunda-feira, antes da posse do novo ministro, o ex-secretário executivo brigadeiro Ricardo Machado Vieira mudou o decreto para não mais enfatizar apenas um método. A mudança foi elogiada por educadores. No entanto, o secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, um dos únicos mantidos no cargo e que tem ligações com o escritor Olavo de Carvalho, teria modificado pela terceira vez o documento para voltar com o método fônico, defendido por ele.

O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que chegou a ser cotado para substituir Vélez, também faz parte do grupo.

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