Colégio São Luís Jesuítas
30 de junho de 2020 | 16h16
Nos últimos meses, com a pandemia de Covid-19, a vida de todos passou por mudanças significativas. Os adultos, os jovens e as crianças tiveram que aprender a se adaptar a um novo cenário de distanciamento social, rotinas e experiências de atividades a distância. Com isso, as questões que envolvem as relações familiares ficaram ainda mais evidentes. E como manter e promover a saúde mental neste contexto? Tanto tempo de convivência com quem amamos em um espaço comum tem benefícios, mas pode gerar muitos conflitos.
A preocupação com as questões socioemocionais dos estudantes sempre esteve presente no Colégio São Luís. Neste período de pandemia, o cuidado e o acolhimento dos alunos tornaram-se ainda mais importantes, por isso a dimensão socioemocional foi abordada nas reuniões de professores – que pensaram em estratégias para trabalhar essa questão mesmo durante o período das atividades a distância
Nos dias 10, 12 e 17 de junho, com o objetivo de também promover aos pais momentos de informação, acolhimento, escuta e reflexão foram realizados três webinars com especialistas em saúde mental, bem-estar e cuidados com os filhos.
A psicóloga Carla Cavalheiro Moura* conversou com os pais e responsáveis dos estudantes do 6.º ano do Ensino Fundamental II à 3.ª série do Ensino Médio sobre a importância do diálogo entre pais e filhos. Segundo Carla, “a pior abordagem com o adolescente é o confronto. Os limites são importantes e asseguram um crescimento direcionado, mas eles devem ser negociados e não impostos. Esse diálogo deve acontecer em um momento tranquilo”.
A psicanalista Ilana Katz* conversou com as famílias dos alunos do Pré I ao 5.º ano do Ensino Fundamental I. A pesquisadora da infância falou sobre os cuidados com as crianças neste momento. Durante a conversa, Ilana ressaltou o fato de que “no meio dessa pandemia, estamos aprendendo que cuidar de si é também cuidar do outro e que cuidar do outro é cuidar de si. É importante deixarmos as crianças falarem sobre os sentimentos e é essencial que a gente também fale para elas o que nós estamos sentindo”.
Abaixo, confira algumas ideias trazidas pelos especialistas durante os encontros virtuais:
PRÉ I AO 5.º ANO EFI
6.º AO 8.º ANO EFII
9.º ANO EFII À 3.ª SÉRIE DO EM
A orientadora educacional das 2.ª e 3.ª séries do Ensino Médio Diurno, Ana Paula Bellizia, dá uma dica preciosa para todos os pais neste momento:
“Eu proponho um desafio: encontre um trabalho manual que você goste de fazer, qualquer coisa em que a concentração seja no FAZER. A ansiedade aparece quando estamos presos ao passado ou apenas pensando no futuro. Ou seja, quando não estamos vivendo o agora, ficamos num fluxo de pensamentos, geralmente, lamentando o passado ou temendo o futuro. Quando fazemos uma tarefa manual, este fluxo de pensamento tende a parar e a gente só pensa no que está fazendo, por exemplo, “onde encaixo esta peça do quebra-cabeças?” Pois, então, pense: o que poderia fazer? Quebra-cabeça, livro de pintura para adultos, algum tipo de artesanato com madeira, papel, tecido, mosaico, origami, tricô, crochê, ponto cruz, cozinhar etc. Enfim, arrisque-se e reserve um tempo para cuidar de si.
*Carla Cavalheiro Moura atua nas áreas clínica, educacional e empresarial com experiência de 28 anos em consultório. É especialista em Saúde Mental na Infância e Adolescência, Orientadora Profissional e autora de capítulos de livros sobre dependências tecnológicas. Também é membro do Grupo de Dependências Tecnológicas do Programa Ambulatorial Integrado dos Transtornos do Impulso (Pró-Amiti), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
*Ilana Katz é psicanalista e pesquisadora na área da infância, doutora em psicologia e educação pela Faculdade de Educação da USP, com pós-doutorado em psicologia clínica pelo Instituto de Psicologia da USP.
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