Colégio Santa Maria
05 de setembro de 2018 | 07h30
Autoria: Gisele Coli
Na Educação Infantil do Colégio Santa Maria, o brincar é privilegiado e valorizado. Para potencializar a criatividade e instigar a imaginação, nosso planejamento acontece previamente, pois elaboramos estratégias, organizamos os espaços e os materiais.
As crianças do Jardim IC já conhecem os materiais disponíveis na sala e começam a explorá-los de diversas formas, no ateliê, no jogo de faz-de-conta e nas brincadeiras corporais. Tendo em vista este contexto, preparamos algumas provocações no parque de areia. A organização do espaço e a escolha dos materiais foi intencional com o objetivo de enriquecimento de repertório, ampliação de vocabulário, desenvolver sensações, percepções, criatividade e imaginação por meio das experiências.
Para essa sessão separamos funis, rodinhos de pia, peneiras, casca de coco, pedaços de bambu e toquinhos de madeira.
O grupo chegou animado e curioso para saber qual novidade os esperavam.
Jordan escolhe o material que vai utilizar em sua brincadeira: a princípio, o rodinho de pia.
Pietro elege um funil, um pedaço de bambu, um rodinho e um coquinho.
Jordan pega um funil que está ao seu lado e começa a cobri-lo com a areia e se vira para o Pietro, que também, começa a esconder.
Cada um em sua brincadeira, sem conversar entre si, mas iniciam uma interação.
Agora, Jordan pega mais dois coquinhos e Pietro o chama para brincar no escorregador pequeno. Jordan, reponde: “Não! Estou fazendo remédio”.
“Olha, pode colocar areia aqui.”
Pietro continua brincando ao seu lado.
Depois de mais alguns minutos, continuam brincando sem conversar e Pietro insiste: “Vamos brincar no escorrega?”
Os dois se levantam e vão até o escorregador, Jordan deixa seus brinquedos onde estavam. Pietro, recolhe os que estava usando e tenta levar até o escorregador.
Eles sobem, ficam pouco tempo, não conversam e descem novamente.
Voltam para brincar na areia.
Ainda sem conversar, Pietro empresta um coquinho para o Jordan e os dois começam a cobri-los de areia.
Pietro continua explorando a areia passando pelo funil e Jordan começa a jogar a areia em sua perna, sentindo sua textura nos braços e pernas.
Eles pegam mais materiais e retornam para a brincadeira. Jordan para Pietro: “Vem aqui embaixo” e pede um bambu: “Você me dá um? ”
Colocam areia, tiram… Misturam… Colocam de volta e permanecem entretidos em seus afazeres por muitos minutos.
Jordan levanta, vai até a Helena e Pietro vai atrás.
Começam a interagir com ela, mexem em seu cabelo, jogam areia e Helena, entretida em sua brincadeira com a Isabela, a Manuela e a Marina, verbaliza: “Ai, para, que chato!”
Jordan e Pietro cochicham para a professora não ouvir e ela realmente não escuta. Dão risada e continuam com suas novas invenções.
Os dois se levantam, Jordan diz: “Super arma!”,
Pietro, responde: “A minha super arma.”
Correm pelo parque fazendo gestos de heróis com as armas para o alto e sobem no balanço.
Com esse exemplo podemos afirmar que as formas de comunicação são variadas.
Em uma hora de sessão, Jordan e Pietro pouco falaram, mas a todo o momento, vivenciando a atividade proposta, estavam interagindo um com o outro.
Muitas vezes um dava a ideia e o outro fazia igual e foram ampliando suas possibilidades.
“…Dizem-lhe:
que o jogo e o trabalho,
a realidade e a fantasia,
a ciência e a imaginação,
o céu e a terra,
a razão e o sonho
são coisas
que não estão juntas.
Dizem-lhe:
que as cem não existem
A criança diz:
Ao contrário, as cem existem.”
(Poesia “Ao contrário, as cem existem”, Loris Malaguzzi)
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