COLÉGIO SANTA MARIA
24 de abril de 2019 | 07h30
Autoria: Gisele Coli
Desenhar não é uma atividade tão simples como pode parecer. Quando pedem para você desenhar, o que você imagina? Quais os pensamentos e sentimentos que despertam em você?
Quando pegamos o lápis ou a caneta para desenhar, precisamos nos abrir para todas as possibilidades, deixar fluir os pensamentos e sentimentos que naturalmente vão surgindo, nos despindo de medos e avaliações. O mesmo acontece com as crianças, elas desenham algo que possui um significado e não necessariamente o objeto. Geralmente, não se preocupam com o certo e errado, com o real e a fantasia: elas embarcam em seus traços e linhas e dão vida a seus pensamentos. Cabe a nós adultos, observar, perguntar, fornecer meios para que as crianças avancem em seu processo de criação e imaginação.
“Na criança, este jogo criativo se faz naturalmente, de uma maneira solta, aparentemente caótica, sem método. O resultado gráfico do desenho, às vezes, pode até não corresponder ao alto grau de intensidade vivido no ato de desenhar. Mas, com certeza, manifestam-se operações mentais como: imaginar, lembrar, sonhar, observar, associar, relacionar, simbolizar, representar.”
Edith Derdyk
Os desenhos contam histórias, são narrativos e carregam em si possibilidades infinitas, podem representar tanto o real quanto o imaginário. Vejamos os exemplos a seguir:
Criança de 4 anos e 6 meses: “Meu arco-íris está ficando bem colorido. Ele está lá do outro lado do céu. ”
Criança de 4 anos e 4 meses “A minha mãe, ela veio, ela ficou perto e ela foi lá no céu junto comigo. Aí tinha o botão, aí eu apertei, aí eu fui e cheguei lá no céu. Aqui dentro é uma galáxia. Aí eu entrei e fui até lá no céu. ”
Nesses exemplos, podemos perceber que os desenhos foram elaborados a partir das vivências e experiências das crianças. Quando desenhamos, utilizamos nosso repertório buscando na memória os conhecimentos adquiridos, instigamos assim a imaginação, mas o que seria a imaginação? Consiste na capacidade de criar a partir da combinação de ideias; a criatividade propriamente dita.
Podemos dizer então que, para sermos criativos, precisamos acumular um acervo de memórias que nos servirão como referências iniciais, propiciando a segurança e a estrutura necessária e assim possibilitando o surgimento do desenho livre e criativo sem a preocupação com julgamentos e tendo em mente que a imaginação não tem limites.
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