Colégio Salesiano
27 de março de 2019 | 16h21
Quem tem filhos, netos, sobrinhos ou afilhados, geralmente fica encantado quando a criança tem gestos voluntários de solidariedade, como compartilhar brinquedos, ceder a vez de forma gentil a alguém menor, sentir a dor do outro e se dispor a ajudar.
Gicele Marcelino, assessora de Pastoral e professora de Ensino Religioso do Liceu Coração de Jesus, acredita que essas e outras manifestações podem ser estimuladas e precisam ser incentivadas em crianças que já apresentam o perfil.
“A escola tem um papel importante, em parceria com a família, de incentivar e apoiar o desejo de fazer o bem ao outro. Na maioria das vezes, a gentileza é um dos primeiros sinais de que o lado solidário pode ser mais explorado. Aqui no Liceu, temos projetos com creches da comunidade em que os alunos podem participar como voluntários. Eles nos procuram movidos de gentileza, compaixão e boa vontade para participar. Precisamos estar atentos ao que as crianças nos mostram como iniciativas”.
No entanto, para alguns esse desprender-se de seus próprios interesses e olhar para as necessidades alheias com atenção e respeito é ainda um desafio. Se em adultos não é um hábito, o que dirá em uma criança que se espelha em seus pais?
Por isso, uma das primeiras dicas na parceria escola-família é a conscientização dos pais em relação à solidariedade nos pequenos gestos.
“Apresentamos aos pais algumas ações que fazem parte do conteúdo didático para desenvolvimento da criança e os convidamos a participar de atividades coletivas, como: arrecadação de brinquedo, cuidados com o pátio e conscientização do respeito ao próximo. Temos um projeto chamado Canto Solidário, em que armazenamos as arrecadações e planejamos as ações de solidariedade”, conta Gicele.
Ainda dentro do ambiente escolar, Gicele defende que é importante que a solidariedade esteja no conteúdo curricular, assim como artes, esportes e robótica. “Quando o professor, dentro das disciplinas, propõe atividades relacionadas ao assunto, ele possibilita o desenvolver de um educando com senso de empatia, responsabilidade e pertencimento. Portanto, acredito que essas tarefas podem ser assumidas não só pela Pastoral ou Ensino Religioso, mas por toda a escola, em uma constante parceria”.
Na família, a educadora sugere que haja espaço para conversar sobre solidariedade. Tudo pode começar com um bate-papo natural sobre o cotidiano, pessoas que sofrem nas ruas, animais abandonados, ou pode ser guiado por leituras e filmes que envolvam o assunto. “Vivemos rodeados de oportunidades de fazer o bem e sermos solidários. Isso cabe aos adultos, mas pode ser administrado com crianças e adolescentes, dentro da faixa etária correspondente. No Liceu, valorizamos cada iniciativa e convidamos as famílias a fazer parte das ações. Os pais, em casa, podem ficar atentos às possibilidades, seja ajudando em tarefas do lar, separando roupas e brinquedos em bom estado para doar a entidades ou pessoas que precisam, ou colaborando com tios, avós e outros parentes, com gentileza, sem esperar nada em troca. A empatia é justamente a capacidade de ser sensível ao outro e esse é o nosso desafio diário como educadores, pais e seres humanos.
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