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Opinião|A importância dos conflitos na formação moral das crianças

Por Iris Lisandra B. Zanardi*

Atualização:
 Foto: Estadão

Nós, educadores, temos a arrojada pretensão de formarmos nossos alunos para a vida. Nos empenhamos em promover uma educação global, além dos conhecimentos acadêmicos. No futuro, gostaríamos de ouvir coisas boas das nossas crianças. Educação global é, para nós, aquela que incorpora preceitos morais e éticos, aquela que transforma a criança em um cidadão do "bem", em um indivíduo que mantém uma relação cooperativa e harmônica com a sociedade em que vive.

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O convívio intenso da rotina escolar é terreno fértil para a desenvolvimento social da criança. Apesar de desgastantes, os conflitos do dia a dia servem de matéria prima para a prática de apreciar e cultivar bons hábitos. Pais e professores se incomodam com as brigas, discussões e tensões entre os alunos, e se esquecem que a convivência social se mantém conflituosa mesmo na fase adulta. Viver em sociedade é ser capaz de compor diferenças de uma forma justa e equilibrada, o que demanda uma vida inteira de aprendizagem. A escola é, talvez, o mais importante espaço para esse processo.

Neste ponto, vale reforçar o papel do conflito na educação da criança. É preciso encará-lo como algo da criança, a ser resolvido por ela mesma. A ausência de conflitos é utopia. A ideia não é eliminá-los, e sim enxergar momentos de tensão como oportunidades para praticar o diálogo, para ensinar que não existe alternativa para o bom convívio senão o respeito mútuo. Cabe ao adulto mediar e promover a reflexão dos valores que, cultivados, ajuda a criança a resolver uma situação difícil. Ou seja, o papel do educador, neste contexto, é dar condições para que a criança desenvolva a moralidade, de maneira que suas atitudes sejam norteadas por princípios da boa convivência.

Enfim, esperamos que esta breve reflexão incentive a prática democrática do diálogo. Ora, precisamos acreditar que as crianças são capazes, a sua maneira, de resolver seus próprias desafios. Precisamos de crianças que saibam se colocar no lugar do outro que, gradativamente, caminhem do natural egocentrismo infantil para a coletividade adulta. Precisamos de crianças que aprendam a colocar sua individualidade em meio à diversidade. Claro que o adulto deverá auxiliá-las nesta aprendizagem, mas nunca resolver por elas. Impor ou induzir uma postura talvez solucione, temporariamente, o problema do adulto, mas para a criança é um momento potencial de aprendizagem jogado fora. Punições e barganhas podem até inibir comportamentos, exercer controle, mas será que é isso o que queremos? O ideal, na nossa maneira de ver, é um indivíduo que manifesta a sua autonomia moral independentemente das circunstâncias.

*Iris Lisandra Boscolo Zanardi, Psicóloga e Orientadora Educacional do Ensino Fundamental,no Colégio Rio Branco - Unidade Granja Vianna.

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