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Blog dos colégios

Tecendo comentários

Por Colégio Humboldt
Atualização:

Por Ari Silva Mascarenhas de Campos*

 

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Assim que foram informados que a leitura do mês de junho e agosto seria o Diário de Anne Frank, os alunos dos 8ºs anos trouxeram à baila vários questionamentos quanto ao conteúdo do livro. Contudo, fiquei surpreso ao perceber que a maior parte desses questionamentos eram oriundos de fontes nada confiáveis da internet. Sobretudo, grupos específicos em redes sociais que serviam para polemizar a obra desviando-a de seu propósito, inicialmente, pensado por Otto Frank, ao publicar o diário pessoal de sua filha: O de testemunhar os horrores do holocausto.

Dessa forma, a maior parte dos alunos estavam mais interessados em discutir se os boatos acerca das intimidades de Anne Frank eram verdadeiros ou não. A princípio fiquei decepcionado com a infecção nefasta que alguns grupos mal-intencionados são capazes de espalhar na rede mundial, atingindo aos jovens que ainda não tiveram a oportunidade de lerem a obra e, portanto, ficam à mercê de interpretações depreciativas que não consideram sequer as características do gênero textual: um diário. Mas, num segundo momento, fiquei animado ao perceber que esse seria um mote ideal para incentivá-los à leitura. Então propus discutirmos a questão assim que todos lessem o diário de Anne Frank. Instrumentalizados com a leitura, estaríamos aptos a discutir sobre qualquer aspecto, polêmico ou não, da vida registrada pela menina no anexo e, consequentemente, questionar as leituras disseminadas como "verdades" sobre a vida íntima e os interesses pessoais da menina.

Os alunos toparam, passaram grande parte do mês de agosto lendo e, no dia 24/08, puderam ouvir um pouco mais da realidade de Anne Frank por intermédio do testemunho vivo de Nanette Konig, que gentilmente esteve no colégio Humboldt para falar de suas experiências e aconselhar aos jovens que "estes mantivessem a atenção constante às verdades que se produzem no dia-dia". Após a experiência da leitura e do contato com a Nanette, fizemos a leitura crítica de alguns trechos e, em seguida, decidi retomar as questões iniciais levantadas pelos alunos no início de todo esse processo: Polêmicas envolvendo intimidades de Anne Frank.

Então, procuramos juntos os textos na internet que melhor tratavam desse assunto e escolhemos o artigo publicado no periódico aventurasnahistoria.uol.com.br (ver link completo no final da matéria), lemos e sugeri aos alunos que escrevessem comentários acerca do texto que acabaram de ler. O resultado foi surpreendente e pode ser conferido no final da matéria abaixo. O que surpreende é que as opiniões, ainda que contrárias, agora se fundamentam em leituras do diário e não apenas na internet.

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Essa atividade ensinou aos alunos que o papel do crítico é orientar a leitura e/ou a percepção de uma manifestação artística; conduzindo, mesmo que não intencionalmente, às escolhas de seus leitores. Portanto, a melhor crítica é sempre a própria, e que a garantia de qualidade desse olhar crítico está na sua instrumentalização e experiência sobre o objeto analisado. Os alunos, durante o processo e sua conclusão, entenderam que ser protagonista é, antes de qualquer coisa, saber que para opinar é preciso observar, ler e agir em relação àquilo que se analisa. Assim, construirão seu próprio caminho com autonomia e serão capazes de filtrar opiniões sérias de especulações condutoras e, quase sempre, mal-intencionadas.

 

Comentários dos alunos

A censura que foi censurada

Estimado editor do site "Aventuras da História", escrevo para comentar seu artigo sobre o diário de Anne Frank. Achei a matéria muito interessante e também quero contribuir mostrando minha opinião sobre as polêmicas do Diário. A censura do Diário quando foi publicado foi uma boa decisão. Os apenas 30% que foram mostrados para o mundo em 1947 já eram suficientemente chocantes, pois tudo que a jovem Anne passou é um assunto delicado. Mas é claro que a versão completa do diário não poderia ser escondida para sempre. Em 1997 as pessoas já estavam preparadas para ouvir tudo que Anne tinha a dizer, pessoas podem ter ficado impressionadas ou chocadas, mas já tinha chegado a hora de se expor os pensamentos de Anne, que são similares aos pensamentos de vários adolescentes. Hoje já é senso comum o surgimento do desejo sexual e as mudanças no corpo de adolescentes.

Acredito que a censura foi retirada no momento certo, pois já era hora de expor esse pedaço de história por completo.

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A.T.

 

 

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70 anos de Anne Frank

Sinceramente, depois de ler a matéria sobre a polêmica de Anne Frank, não fico surpreso por ainda existirem pessoas com o pensamento desse tipo. O diário de Anne Frank é um diário no qual uma menina judia escreve seu ponto de vista sobre o que acontece no mundo na época da segunda Guerra Mundial e sobre o que acontece no esconderijo onde ela está, resumindo, é um diário íntimo, uma pessoa deveria ter o mínimo de inteligência para saber que Anne Frank escreveu o que ela queria escrever e não algo que a pessoa queria ler. Em vez disso uma pessoa, que vive em uma bolha social tenta fazer algo contra o livro só porque não é o que ela quer. Acho isso extremamente chato.

  1. R.

 

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Converse mais com seus filhos

Li a matéria sobre os setenta anos do livro " o diário de Anne Frank" então concordo sobre a posição dos censores.  Não vejo nada de errado em falar sobre reprodução, intimidades, beijos, etc.

Quando somos crianças, nossos pais não gostam de ensinar e nem querem que saibamos sobre assuntos impróprios, como classificou a matéria.

Não penso dessa desta forma. Acho que devemos aprender o quanto antes.  Quando criança, sempre gostamos de alguém. Paixão de criança é tão bonita. Quando tinha cinco anos, me apaixonei por um garoto do meu prédio e minha mãe sabia disso, ela era minha confidente. Sentia-me tão segura em poder conversar com minha mãe.

Acho que os pais não devem esconder nada de seus filhos e sim aconselhá-los sobre o melhor caminho. Precisamos de orientação e não de censura.

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V.C.

*Ari Silva Mascarenhas de Campos é professor de Língua Portuguesa do Colégio Humboldt

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