A partir de 1971, o chamado 2º grau, atual Ensino Médio brasileiro, passou a ser parte obrigatória da formação básica por meio da Lei 5.692 da Reforma do Ensino e a ter como principal objetivo a profissionalização. Em 1982, a Lei 7.044 dispensou as escolas do caráter obrigatório da profissionalização e o termo "preparação para o trabalho" passou a ser opcional. Conforme a Lei 13.415 da nova Reforma de 2017, as instituições de ensino deverão cumprir a BNCC com formação geral básica em 60% da carga horária e os restantes 40% serão divididos em cinco itinerários formativos e optativos: Linguagens e Códigos, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, e Formação Técnica.
Anteriormente à Lei de 2017, o Colégio Humboldt, instituição bilíngue e multicultural (português/alemão) localizada em Interlagos (São Paulo), já ofertava opções que se assemelham à proposta da reforma. Um piloto com duas aulas semanais é oferecido aos alunos, uma experiência em direção à ampliação da carga horária que o Novo Ensino Médio exige, sendo 22 matérias eletivas por ano: seis para a 1ª série, oito para a 2ª série e oito para a 3ª.
Para Talita Marcilia, coordenadora do Ensino Médio do Colégio, a reforma é uma possibilidade para essa fase da educação básica se reinventar. "A pandemia acelerou uma compreensão e adesão às metodologias ativas e o Novo Ensino Médio reforça essa necessidade, a possibilidade de trabalho por áreas, pautado nas habilidades e competências e não somente conteudista ou voltado para a preparação para vestibular, mas uma formação integral, com a possibilidade de o jovem se preparar para viver em sociedade e para a vida no mercado de trabalho".
No Colégio Humboldt, as eletivas fazem parte da grade horária, estão interligadas com o currículo regular e foram criadas para que o aluno escolha a opção que deseja cursar. Dentre as matérias oferecidas estão "Química Nuclear", "História em Quadrinhos: Uma Leitura Crítica", "Cultura Visual", "Lógica de Programação", "Conflitos étnicos-nacionalistas e separatismo" e "As doenças e as transformações históricas". Algumas das eletivas são matérias MINT, projeto do Colégio que recebeu certificação alemã no ano passado e que tem o objetivo de estimular o interesse dos alunos nas áreas de ciências investigativas e de pesquisas por meio da Matemática, Informática, Ciências da Natureza e Tecnologia para os estudos e futura carreira profissional.
Nota de corte e ganho para aluno
O Colégio Humboldt utiliza o critério da nota que o estudante teve na área escolhida no ano anterior como seleção para as eletivas. A média da nota pode representar uma barreira para ele cursar o tema que optou. "Além da questão da escolha, a proposta das eletivas também passa pelas competências socioemocionais: como ele lida com a frustração de não poder fazer o curso escolhido por falta de nota", avalia a coordenadora.
Talita comenta que o objetivo de utilizar a parte final da formação básica com matérias eletivas é de fortalecer a autonomia do aluno, objetivo educacional com potencial para ampliação no Novo Ensino Médio do Colégio. "Em 2022, isso será muito ampliado e intensificado. Integrar o processo de formação, não só à escolha profissional, mas à opção que ele faz nesse trajeto, impacta o que ele fará após o Ensino Médio. Analisar, elaborar, reconhecer e aplicar isso em um potencial transformador são habilidades adquiridas em um caminho a ser trilhado", conclui Talita Marcilia.