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Estudar fora ou emigrar?

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Por Andrea Tissenbaum
Atualização:

Cheltenham | Foto: BazzaDaRambler via Wikimedia Commons

Em tempos de crise, de falta de luz no fim do túnel, sair do país soa como música. Uma música composta do sonho de oportunidades novas, começar do zero, ter uma chance de crescimento pessoal e profissional, de conquistar aquilo que por aqui parece impossível no momento. E para muitas pessoas essa toada funciona, enche o coração de esperança.

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Mas, se a crise - interna ou externa - incentiva uma procura por melhores condições de vida, a falta de informação sobre a real situação do país de destino e das condições de um estrangeiro no exterior podem se tornar um entrave.

Há uma certa ilusão de que a vida fora do Brasil é melhor, mais próspera. Mas poucos sabem que ser estrangeiro não é fácil e exige muita maturidade e flexibilidade. Emigrar não resolve problemas nem é sinônimo de oportunidade. A mudança de referenciais é drástica, como se a vida fosse começar de novo. E, às vezes, essa guinada pode ser um desafio pesado que exige demais emocionalmente. Por isso, é uma decisão que deve ser muito bem avaliada.

Estudar fora por um tempo mais prolongado oferece uma situação confortável àqueles que querem experimentar a vida no exterior. Exatamente porque, a princípio, é uma circunstância transitória. Você tem tempo de avaliar o lugar em que está vivendo, as pessoas, a cultura e de entender se consegue fazer uma conexão com o novo mundo que está conhecendo. Você também sai daqui com um projeto que vai te levar a conhecer muita gente e mergulhar na experiência de ser estrangeiro. Sai sabendo que o seu retorno vai acontecer.

Morei fora do Brasil por muitos anos. Vivi intensamente uma outra cultura, me qualifiquei profissionalmente, recebi ofertas de trabalho e decidi voltar. Apesar de ter me tornado uma cidadã do mundo, nunca me arrependi.

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Vários amigos meus resolveram ficar. Ao longo do tempo, percebi que o processo deles era diferente do meu. Não que tivessem ido com o objetivo de emigrar, mas esse desejo foi acontecendo ao longo de sua estadia, foi amadurecendo com as experiências e oportunidades que se abriam e acabou se concretizando com planejamento, muita consciência e vontade de dar continuidade à vida que haviam construído.

Estudar fora, especialmente por um tempo prolongado, pode ser uma porta de entrada para viver em um outro país. Mas não deve ser o motivo. Talvez porque só o tempo e a experiência no exterior permitam que você tome essa decisão de uma forma segura.

Então, se você está querendo estudar no exterior para poder emigrar, faça seus planos com muito cuidado. Se permita experimentar a vida fora do país por um tempo como estudante. Vá com seu visto e documentação em ordem, para não passar por nenhum sobressalto. Se concentre no objetivo da sua jornada. Estude, conheça gente, se dedique. Viva o dia-a-dia, transforme-se, deixe o mundo se tornar a sua casa. E acredite, se a vida fora do Brasil for para você, ela vai acontecer.

Andrea Tissenbaum, a Tissen, escreve sobre estudar fora e a experiência internacional. Siga o Blog da Tissen no Facebook e no Twitter

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