PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

O mundo gira aqui

Estudar em Coimbra com as notas do ENEM

Foto do author Andrea Tissenbaum
Por Andrea Tissenbaum
Atualização:

Passeando pelas margens do Rio Mondego, Coimbra | Foto: Gabriela Lázaro Vasconcellos

Conheça a experiência de Gabriela Lázaro Vasconcellos que foi aceita na universidade de Coimbra com as notas do ENEM.

PUBLICIDADE

A universidade de Coimbra, instituição de ensino superior pública portuguesa, foi criada em 1290 e conta com mais de 30 mil alunos de várias partes do mundo. Oferece formação em direito, arquitetura, educação, engenharia, humanidades, matemática medicina, ciências, psicologia, sociologia e esportes. É uma das maiores comunidades de estudantes internacionais de Portugal e, certamente, a mais cosmopolita.

Em 2013, a cidade e a universidade de Coimbra receberam o título de Patrimônio da Humanidade da UNESCO. Diariamente, são palco de vibrantes eventos educacionais, esportivos e culturais.

Foi para lá que Gabriela Lázaro Vasconcellos partiu, em 2015. A jovem paulistana de 20 anos, estava cursando o primeiro semestre de arquitetura, quando leu aqui no blog que a universidade aceitava brasileiros pelo ENEM. Fez sua inscrição e foi aprovada. Atualmente é aluna do segundo ano de arquitetura, curso de cinco anos que integra o mestrado.

Publicidade

Relaxando na universidade | Foto: Gabriela Lázaro Vasconcellos

Gabriela se inscreveu pelo site da universidade. "O processo é um pouco burocrático, há uma série de documentos que precisam ser apresentados, mas é tranquilo", ela conta durante nossa conversa por Skype. "Como brasileira, eu pago a universidade, são 700 euros mensais. Mas para quem tem cidadania e é aprovado através dos exames portugueses, essa taxa cai para 150 euros", ela conta.

Em de março de 2014, a universidade de Coimbra passou a aceitar os resultados do ENEM em seu processo seletivo para graduação. Estudantes brasileiros que fizerem o ENEM em 2017 ou que o tenham feito nos últimos três anos (2016, 2015 ou 2014), e que tenham diploma do ensino médio, podem se candidatar. As notas do ENEM têm pesos diferentes para cada curso, como pode ser consultado na tabela de ponderação.

Verifique se você tem as notas no ENEM necessárias para se candidatar a uma graduação na universidade de Coimbra. Leia o passo-a-passo do processo seletivo para graduação na UC antes de fazer sua inscrição.

"A vida aqui é muito boa", afirma Gabriela. "Coimbra é pequena, uma cidade universitária, tem muita coisa para fazer. Estamos sempre esbarrando com amigos pela rua. A maioria das pessoas que estuda aqui volta para casa nos finais de semana e a cidade fica vazia, é uma delícia. Tem um parque muito gostoso, as festas são ótimas. Como há muitos brasileiros, nós criamos uma comunidade e nos encontramos nos finais de semana. Ontem mesmo eu conheci uma menina de Maceió que mora aqui há seis anos e está terminando o curso de arquitetura".

Gabriela e a turma da Praxe | Foto: Gabriela Lázaro Vasconcellos

Gabriela também conta que os alunos da universidade de Coimbra têm uma divertida atividade de integração, a Praxe Acadêmica, parecida com o trote no Brasil. "É uma recepção aos calouros que chegam. Realizamos atividades que aproximam calouros de doutores (veteranos), que sempre devem estar trajados durante a praxe. Durante o ano dos calouros, eles podem escolher uma madrinha e um padrinho de curso (que devem ser veteranos), os quais irão acompanhá-los e ajudá-los na vida em Coimbra e na faculdade. Como sou veterana, já tenho um traje e participo ativamente dessa tradição", ela reforça.

Publicidade

"Além dos brasileiros, também tenho vários amigos portugueses e de outras partes do mundo. Eles se misturam bastante com a gente e eu não percebo nenhum tipo de preconceito. A fala de que os portugueses são fechados não é verdadeira. Ao contrário, eles são muito receptivos e adoram os brasileiros. Fui melhor acolhida aqui do que na minha faculdade no Brasil", ela explica.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

"E há muito espaço para criar coisas novas. Por exemplo, o machismo é muito presente aqui. É uma mentalidade que está arraigada entre homens e mulheres. Em função disso, eu e umas amigas criamos um coletivo feminista na faculdade. Na primeira reunião, em novembro do ano passado, vieram quatro pessoas. Nós promovemos eventos, exibição de documentários e debates. Hoje 60 pessoas participam desse coletivo, homens e mulheres".

Dentre as coisas que ela mais gosta de viver e estudar em Coimbra, estão a segurança que sente quando anda nas ruas e a facilidade de viajar para outros países. "Eu não troco isso por nada, nunca imaginei que poderia visitar tantos lugares".

"Como estudante brasileira, tenho um cartão, que me dá o status de residente temporária. Esse cartão, que é uma identidade, deve ser renovado a cada ano, e com ele posso viajar para todos os países da união europeia. Daqui a um ano e meio quero tentar a bolsa do programa Erasmus na Itália. A maioria das pessoas aqui faz isso no 4o ano da faculdade, e estudantes internacionais podem se candidatar".

Publicidade

Em sala de aula - curso de arquitetura | Foto: Gabriela Lázaro Vasconcellos

"A qualidade do ensino também é excelente", ela reforça. "O meu curso, por ser relativamente recente, ainda está passando por transformações. Mas estou muito satisfeita. Temos aulas teóricas, tradicionais, e outras mais livres. Arquitetura é um curso onde a criatividade é estimulada".

Sobre o cotidiano em Coimbra, Gabriela afirma que a vida é muito barata na cidade. "Gasto no máximo 500 euros por mês (incluindo aluguel) e normalmente sobra dinheiro. Faço tudo a pé, embora o transporte público seja ótimo e os estudantes tenham vários benefícios. A universidade de Coimbra tem três polos residenciais, eu moro no polo 3. Antes de vir para cá você pode pagar a sua residência estudantil, está tudo explicadinho no site. Um mês após minha chegada, fiz amigos e resolvemos dividir uma casa entre seis estudantes. Gasto em torno de 200 euros mensais com moradia, e isso ainda inclui uma faxineira quinzenal".

Outras opções de moradia podem ser encontradas nos sites Imovirtual, Sapo, OLX, e nas imobiliárias Era, Remax e Century 21.

Universidade de Coimbra | Foto: Mgm105, via Wikimedia Commons

Apesar da nítida felicidade com sua experiência internacional, Gabriela sente saudades de casa, é claro. "Ah, isso é complicado", ela diz. "Vou para o Brasil uma vez por ano, nas férias de julho/agosto. Toda semana falo com meus pais, nos comunicamos muito por WhatsApp. Mas eu tenho uma rotina puxada e não dá para conversar muito".

Gabriela deixa uma mensagem para quem possa estar com alguma dúvida sobre estudar fora: "não tenha medo de nada, vá em frente, conheça pessoas novas, viaje. Eu levo essa frase comigo. Estou amadurecendo muito, a faculdade aqui em Portugal mudou minha vida, sei que estou no curso certo, que é isso que quero fazer.

Publicidade

Quando cheguei aqui meu inglês era horrível. Mas não tenho medo de errar, e me comuniquei com pessoas de todas as partes do mundo. Muita gente que eu conheço não viaja porque não sabe falar outro idioma e tem medo.

Quero dizer para as pessoas tentarem, não terem vergonha. Tem muita tecnologia para te ajudar e os ganhos pessoais são enormes. Eu sempre achei que era um pouco dependente de alguém e que não conseguiria fazer nada sozinha. Para mim foi um enorme ganho perceber que não sou tão dependente como pensava".

Andrea Tissenbaum, a Tissen, escreve sobre estudar fora e a experiência internacional. Siga o Blog da Tissen no Facebook e no Twitter

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.