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A educação internacional sem fronteiras

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Por Andrea Tissenbaum
Atualização:

A educação internacional sem fronteiras | Foto: Fredrik Alpstedt, via Flickr

Sempre mais ampla que o planejado, essa jornada de aprendizados pode tornar-se uma experiência inclusiva para todos. O que precisa mudar?

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Quando começamos uma jornada, seja lá para onde for, nos colocamos a mercê de experimentar uma passagem. Curtas, médias ou longas, jornadas são viagens que sempre trazem em sua essência a possibilidade do convívio com o inesperado, com o diverso e com o inusitado. Se vamos de peito aberto, intercâmbios extraordinários podem acontecer e mudar o rumo de nossas histórias. É só uma questão de estarmos atentos, disponíveis e dispostos a receber aquilo que nos é oferecido.

A cada encontro com o outro, seja lá quem for ou onde for, aprendemos sobre o que desconhecemos e sobre nós mesmos. Apesar de, em um primeiro momento, desconstruirmos nossa identidade para receber o novo, reacendemos as chamas de nossas origens no processo e entendemos melhor a essência de quem somos. Nessas horas, nos dispomos a flexibilizar nossos limites internos e até a questionar os externos. Afinal, misturas se fazem a partir de nossa capacidade de absorver a grandeza de nossa própria cultura e da grandeza das culturas dos demais.

Foi nessa toada que a extraordinária cantora brasileira, Monica Salmaso, criadora da série "Ô de Casas", que já reuniu diversos artistas em mais de 150 encontros virtuais durante a pandemia, iniciou sua fala sobre a jornada e o pertencimento na Conferência Virtual da Associação Brasileira de Educação Internacional - Faubai 2021. Uma das mais inspiradoras e comoventes que assisti.

"Nós somos uma soma de nossos interesses, oportunidades e escolhas", ela disse. "Nossas jornadas, flexíveis e mutáveis, são mais amplas do que planejamos. Hoje vivemos o desmoronamento de um futuro presumido, resultado de uma situação devastadora que se assemelha a uma guerra. E o amanhã, como será? O que aprendemos no caminho?"

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Retiradas do contexto específico da pandemia, essas perguntas valem para qualquer experiência. Nossa capacidade de nos reinventarmos, permite criar caminhos que dão novos sentidos ou propósitos às nossas vidas, acolhendo o que importa e o que é valioso.

Por meio de sua música, Monica Salmaso, transcende fronteiras e traz as mais diferentes pessoas para perto, independentemente de sua localização. Apesar da distância, a troca não só acontece mas é extremamente rica. E, como a música, experiências educacionais também podem ir além do espaço físico.

Intercâmbios virtuais e currículos internacionalizados são ações inclusivas que democratizam a vivência internacional e a aquisição de habilidades globais. Potencializam todas as dimensões das trocas interculturais e aprofundam o autoconhecimento. Criam espaços que promovem a equidade e a colaboração. Disseminam conhecimento, compromisso social e engajamento global.

Estamos vivendo um momento de grande impacto que clama por transformações internas e exige o desenho de novos caminhos. Precisamos de novas lentes para olhar a jornada, compartilhar melhores práticas e estabelecer diálogos. A educação, direito universal, demanda que a diversidade cruze trilhas, promovendo esforços colaborativos para resolver problemas que vão muito além de fronteiras.

Historicamente, as universidades são espaços propulsores da diversidade e da pluralidade. Nelas, as trocas, institucionais ou individuais, procuram se fundamentar na reciprocidade, cooperação e solidariedade. Diferentemente do que estamos habituados a ouvir, intercâmbios não se restringem a estudar ou pesquisar em outro país. A interação entre pessoas, mesmo que virtual, é uma potente forma de intercâmbio na qual nossa escuta e a escuta do outro se ampliam e a troca de informação e experiências acontece. Sistemas locais são impactados a partir da construção desses novos conhecimentos. Ideias que, quando somadas a outras ideias, geram valiosas alternativas.

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As estruturas tradicionais do ensino superior precisam ser repensadas. Longe de seguirem o caminho da rigidez, devem optar pela flexibilidade e sinuosidade natural da aquisição do conhecimento, dos percursos do pensamento e da capacidade de relacionamento entre os mais diversos seres humanos. Intercâmbios acadêmicos virtuais como o BRaVe - Brazilian Virtual Exchange, criado pela Faubai e implementado na Unesp e na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), entre outras instituições de ensino, demonstram, por meio de seus resultados positivos, a necessidade de mudança. O programa inovador, possibilita aos estudantes de graduação e pós-graduação cursar disciplinas online, desenvolvidas em parceria com universidades estrangeiras, e interagir com colegas e professores de várias partes do mundo. Centenas de alunos e docentes brasileiros vêm se beneficiando dessa modalidade de ensino. Outros milhares em alguns países europeus e nos Estados Unidos, por meio dos mais diversos programas virtuais desde 2006.

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Utopia? Não sei. Mas sem ousadia e sem riscos, não transformaremos as estruturas que conhecemos e não evoluiremos. É preciso ter coragem para iniciar essa jornada de diálogos interculturais mundo afora, incluindo o maior número possível de estudantes. Resiliência e capacidade de adaptação também são necessárias. Mas a troca ajuda a expandir nossas mentes e a construir identidades. Ela é o motor que impulsiona a engrenagem do porvir.

A Conferência Virtual Faubai 2021 começou dia 20 de abril e vai até 6 de maio. Inscreva-se AQUI.

Andrea Tissenbaum, a Tissen, escreve sobre estudar fora e a experiência internacional. Também oferece assessoria em educação e carreiras internacionais.Entre em contato: tissen@uol.com.br

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