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O mundo gira aqui

A adorável Montreal

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Por Andrea Tissenbaum
Atualização:

McGill Student Statue on Sherbrook Ave. - Montreal | Foto: Andrea Tissenbaum

Linda, bilíngue e aberta à diversidade, Montreal celebra os estrangeiros que chegam para estudar em suas universidades. 

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Faz alguns meses que visitei Montreal e confesso que a lembrança da viagem até hoje não sai da minha cabeça. Talvez porque a cidade congregue tudo o que idealizo em um centro urbano. Montreal é bilíngue (todos falam francês e inglês), grande sem ser imensa, cosmopolita, absolutamente diversa, tem uma "pegada" muito própria e, sobretudo, é linda demais. Minha passagem por lá foi curta, mas bastante impactante.

Segunda maior cidade francófona do mundo (a primeira é Paris), com quase dois milhões de habitantes, Montreal transpira beleza e sofisticação. Em 2006, recebeu o título da UNESCO de cidade criativa do design. Além disso é sede de instituições de ensino ranqueadas entre as melhores do mundo, como McGill, a Université de Montréal, Concordia University, e a escola de negócios HEC Montréal.

McGill University, Montreal | Foto: Andrea Tissenbaum

Fui em novembro de 2018, a convite do Consulado do Canadá em São Paulo, para conhecer essa parte do país, visitar universidades e conversar com estudantes brasileiros (eu já havia estado em Vancouver). Sim, já estava muito frio, mas como me explicaram, foi uma verdadeira experiência canadense que eu repetiria sem pensar duas vezes.

Há muito para fazer, em todas as estações do ano. Para quem gosta de museus, o Montreal Museum of Fine Arts, fundado em 1826, é um dos mais visitados da América do Norte. Além dele, há vários outros para conhecer, como o Musée d'art contemporain de Montréal, o Science Center, o Space for Life, localizado no parque olímpico, e o McCord Museum próximo à McGill University, que celebra a vida passada e presente na cidade.

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Superman in Montreal, Rue Saint Catherine, Street Art | Foto: Andrea Tissenbaum

Mas bom mesmo em Montreal é passear a pé pelas ruas, mesmo quando está nevando. É que sua arquitetura deslumbrante merece o tempo que só uma caminhada pode oferecer. Também é imprescindível visitar Old Montreal, a parte antiga da cidade, estabelecida no século XVII pelos primeiros colonos, onde as ruas estão repletas de lojas bacanérrimas e restaurantes famosos.

Se ficar com muito frio, experimente passear pela Underground City, cidade subterrânea com mais de 30 km de túneis interligados. Só tinha visto isso em Singapura, mas achei bom experimentar ser uma toupeira e passear em um ambiente mais quentinho quando me cansei de tanta neve.

A gastronomia em Montreal é absurdamente variada e o que não falta são lugares maravilhosos para tomar um bom café, almoçar ou jantar.  O brunch (café/almoço reforçado) dos finais de semana é um evento que os locais não perdem por nada, mesmo que isso implique em fazer fila em temperaturas abaixo de zero. Sei disso porque, é claro, participei dessa experiência. Depois de não conseguir mesa em dois lugares, finalmente pude me sentar em um agradável bistrô. Foi ali que confirmei que a simpatia dos canadenses é real. Eles conversam com quem está por perto, querem saber quem você é e de onde veio. São "amizades" instantâneas que definitivamente mudam o astral do seu tempo nos lugares e fazem você se sentir acolhida.

Strangely Human | Rue Saint Catherine, Street Art, Montreal | Foto: Andrea Tissenbaum

Uma outra região especial da cidade é o Saint-Laurent Boulevard, onde a arte de rua colore as paredes e as transforma em um museu a céu aberto. Nunca tinha visto tanta arte junta ao ar livre como na Rue Saint Catherine. Fica perto do Mont Royal, um dos principais pontos turísticos da cidade que, por conta do tempo, físico e metereológico, não pude conferir. Mas você vai e depois me conta, porque todos dizem que é incrível.

Université de Montréal | Foto: Andrea Tissenbaum

No entanto, tive o prazer de visitar, com dois alunos brasileiros, a Université de Montréal - UdeM em meio a uma tempestade de neve. Bruno Correa Amâncio de Jesus, santista de 33 anos, é aluno do Doutorado em Ciências Humanas Aplicadas. Ele fez o mestrado em Lausanne e, ao terminar, decidiu tentar um doutorado no Canadá. "Fui para a Suíça na coragem, sem nenhum tipo de auxílio financeiro. Trabalhei na universidade como tutor e, no final do programa, consegui uma bolsa de estudos. Vim da mesma forma para Montreal, mas pouco tempo depois consegui apoio da universidade. A possibilidade de bolsas na UdeM é alta. A bolsa C, por exemplo, é bastante generosa, porque pagamos o mesmo valor que os canadenses e ela também inclui o plano de saúde, o que ajuda demais".

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Bruno Correa Amâncio de Jesus na Université de Montréal | Foto: Andrea Tissenbaum

Bruno conta que esse programa é ideal para quem tem uma trajetória pouco linear. "É um departamento bem raro, o daqui tem pouco mais de 20 anos e muitas teses já foram premiadas. Apesar do grupo de professores ser do próprio departamento, quase todos vêm de diferentes áreas, como direito, linguística, psicologia e filosofia. Trabalhamos em conjunto com várias disciplinas para resolver problemas e os professores incentivam você a 'sair da caixinha'. Nada é tradicional e você é incentivado a experimentar e pensar o novo. Seja pelo método que está usando, seja pelo jeito como faz suas perguntas e as relaciona ao tema da sua pesquisa. O curso é em francês e o nível mínimo é o B1, mas você pode continuar sua formação em francês aqui na universidade.

Montreal é uma muito diversa e aberta às diferenças, uma espécie de oásis para viver. As quatro estações são bem definidas e a cidade é vibrante o ano todo. No inverno tem rave na neve, eventos semanais, concertos, festas e várias competições esportivas. A quantidade de restaurantes e festivais de comida aqui também é incrível. O Canadá é um país de imigrantes e a tolerância às diferenças é bem maior que na Europa. As pessoas são mais empáticas e pacientes com os estrangeiros, porque é difícil determinar quem é mesmo canadense. Quase todos aqui vêm dos mais diferentes lugares do mundo".

Lucas Rosado Université de Montréal | Foto: Andrea Tissenbaum

O mineiro Lucas Rosado, de 26 anos e recém-formado em Engenharia pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, estava retornando a Montreal para o seu mestrado. Bolsista do Ciência sem Fronteiras, ele teve uma ótima experiência durante a graduação. "O que me surpreendeu aqui foi a atenção dos professores comigo e a paciência por eu não dominar o idioma no primeiro momento. Sou muito grato pela experiência de um ano que tive. Fiz o meu primeiro estágio aqui e cursos que pude aproveitar depois na UFMG". Lucas foi aceito para o mestrado profissional em Engenharia Aeroespacial na Politécnica de Montreal. O programa de dois anos, criado para suprir a falta de mão de obra da indústria aeronáutica local, é oferecido conjuntamente pela Concordia University,École Polytechnique, Université Laval e a Université de Sherbrooke. "A maioria das disciplinas aqui na UdeM são oferecidas em francês, mas é possível fazer matérias em inglês também, especialmente nas outras instituições. Apensar de eu não ter bolsa de estudos, posso estágio durante o curso. Na verdade você já vem para cá com um work permit para trabalhar fora da universidade por até oito meses, em tempo integral, e a própria UdeM ajuda os alunos a encontrarem estágios em suas áreas".

Polytechnique Montréal | Foto: Andrea Tissenbaum

Bruno explica que a universidade tem um sistema de moradia (housing) bem bacana, mas como a demanda é grande, é importante ficar esperto na hora de fazer a solicitação. "A região onde fica a UdeM oferece várias opções por preços mais em conta do que no centro da cidade. É possível alugar um apartamento por menos de mil dólares canadenses ou uma casa e compartilhar o espaço com outros estudantes. Em termos de documentação, o processo é bem pouco burocrático e o contrato de aluguel pode ser comprado em qualquer farmácia local".

Lucas recomenda que as pessoas que querem estudar em Montreal se organizem e planejem bem o que pretendem fazer. Bruno já sugere que você não tenha medo e vá em frente: "as oportunidades estão aí e não tem talvez, as portas estão abertas e eles querem estudantes internacionais aqui".

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>> Leia mais:- Porque é tão bom estudar no Canadá- A inovadora universidade de Waterlo no Canadá

Andrea Tissenbaum, a Tissen, escreve sobre estudar fora e a experiência internacional. Também oferece assessoria em educação e carreiras internacionais.Entre em contato: tissen@uol.com.br

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