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A educação que vale a pena

Uma escola para robôs?

O que Brett, um humanoide capaz de aprender da mesma forma que os seres humanos aprendem, tem a nos de dizer sobre a nossa Educação

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Por Ana Maria Diniz
Atualização:

Quantas vezes nos deparamos discutindo a Educação do futuro sem nos darmos conta de que o futuro já começou? Uma matéria sobre a vida pré-escolar de um androide chamado Brett, publicada na última edição da revista Wired, nos dá essa dimensão.

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Sigla em inglês para Robô Berkeley Para Eliminação de Tarefas Tediosas, Brett é o aluno mais notável do Robot Learning Lab, uma espécie de jardim de infância para robôs que ocupa um andar inteiro da Universidade da Califórnia. Ali, Brett e uma dúzia de colegas aprendem brincando, de forma espontânea, com brinquedos de plástico e peças de Lego, como se fossem crianças de 3 anos.

Pois essa é a idade mental de Brett, um sistema de inteligência artificial capaz de aprender da mesma maneira que nós, humanos. Como as crianças nessa faixa etária, ele naturalmente aprende a aprender. É movido pela curiosidade e pode passar horas mexendo numa caixa de areia vendo o que pode descobrir ali e, assim, ensinar a si mesmo. Quando se depara com um problema, tenta resolvê-lo repetidamente, no seu ritmo, até encontrar a solução, por tentativa e erro. Em nenhum momento alguém lhe diz o que deve fazer ou o quê fazer diante de um desafio.

Mas por que uma escola para robôs?

Com o avanço exponencial da tecnologia, as máquinas se tornam mais inteligentes a cada dia, assumindo papéis cada vez mais importantes na indústria, na medicina, nos exércitos e em outros campos. Mas esses sistemas de inteligência artificial avançada, mesmo sendo capazes de aprender muita coisa por conta própria, ainda funcionam a partir de uma programação básica que só pode ser modificada por um humano. Numa situação de total  imprevisibilidade, eles não conseguem agir, pois não foram programados para tal.

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Ensinar os robôs características humanas como a flexibilidade e a agilidade de pensamento diante de imprevistos é fundamental. Se eles não desenvolverem essas habilidades, explicam os cientistas, em breve nós, humanos, teremos de carregá-los pelas mãos. Outra razão para experimentos com robôs que aprendem como humanos ou com outras formas de inteligência artificial é entender de forma mais profunda como a inteligência natural funciona, algo que ainda não sabemos de forma concreta, muito menos unânime.

Ainda está longe o dia em que sistemas de inteligência avançada como Brett atingirão a maturidade e viverão entre nós. Mas a história de Brett tem muito a nos dizer sobre a Educação que estamos proporcionando a nossas crianças e jovens neste momento tão complexo na história da humanidade.

Vejam só: enquanto cientistas tentam criar robôs humanizados, nós continuamos formar humanos robotizados em nossas escolas !

Em boa parte do mundo, os alunos ainda aprendem o que devem fazer, como fazer e que fórmula usar para resolver determinado problema, ou seja, são programados para realizar tarefas específicas. Se queremos que jovens mais preparados que a novíssima geração de robôs para agir de forma inteligente no mundo que está por vir, precisamos urgentemente estimular acuriosidade, a criatividade, a autonomia e o pensamento científico nos alunos, como fazem os cientistas de Berkeley com suas máquinas.

Caso contrário, muito em breve nós, humanos, é que seremos levados pelas mãos pelos androides.

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