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A educação que vale a pena

Eficiência é a palavra daqui para frente

O ministério atual é formado por profissionais mais do que bem-intencionados, que sabem o que fazer e têm capacidade técnica para atuar com eficiência. Devemos aproveitar esta e outras condições favoráveis para mudar a educação brasileira

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Por Ana Maria Diniz
Atualização:

Tive o prazer de conhecer pessoalmente o atual ministro da Educação, Mendonça Filho, na semana passada. Ele veio a São Paulo acompanhado de Maria Helena Guimarães Castro, secretária-executiva do MEC, e Rossieli Soares da Silva, secretário de Educação Básica do ministério, para uma reunião do movimento Todos Pela Educação.

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Fiquei duplamente bem impressionada - e pela primeira, vez, confesso, entusiasmada -, com a possibilidade delineada de um Ministério da Educação composto por profissionais não só bem-intencionados, mas que sabem o que deve ser feito e têm capacidade técnica para executar um plano exequível e transformador do panorama atual da educação brasileira.

Muito acessível e despido de vaidade, o ministro parece ter consciência do seu importante papel diante do desafio enorme de mudar o rumo da nossa educação na direção da qualidade. Ao mesmo tempo, demonstra humildade ao reconhecer que encontrará muito percalços neste caminho. Sabe que faz parte de um governo provisório, à espera de um mandato para se estabelecer definitivo e curto, algo que só virá ao final do julgamento do processo de impeachment pelo Senado.

As três pessoas mais importantes do ministério parecem muito afinadas e coesas em suas prioridades. São elas:

Continuar na discussão da Base Curricular Nacional para elaborar, junto ao Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed) e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), uma terceira versão do documento, para que, enfim, o Brasil saiba O QUE, tem que ser ensinado nas escolas, em cada série.

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Fortalecer o programa Alfabetização no Tempo Certo, garantindo que todas as crianças brasileiras saibam ler e escrever de verdade aos 8 anos.

Atuar na reformulação dos cursos de formação de professores para que as universidades façam uma formação docente comprometida com as práticas em sala de aula e com o aprendizado dos alunos.

Reformular o Ensino Médio para torná-lo não só mais atraente para o aluno, mas também mais proveitoso, ajudando o jovem a desenhar as várias e rotas para ser bem-sucedido como profissional.

Eu e os outros presentes na assembleia do Todos Pela Educação fomos surpreendidos por uma consideração improvável - e incrível - da equipe ministerial: eles descobriram, ao assumirem seus postos, que não falta dinheiro no ministério para a educação. Há, inclusive, várias low-hanging fruits esperando para serem colhidas. O que está faltando é eficiência de gestão.

O ponto levantado pela equipe é de extrema importância. Temos uma enorme dificuldade em assumir que a má qualidade do nosso ensino não decorre da carência de recursos, mas da incompetência ao geri-los. Em dez anos dobramos o investimento anual em educação básica, mas pouco evoluímos de fato: os nossos índices de repetência e evasão escolar continuam altos e o desempenho dos nossos estudantes, medíocre.Está na hora de expor algumas verdades e encarar os problemas de frente!

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Se não atacarmos imediatamente as distorções conhecidas, pouco vai adiantar aumentar os investimentos em educação para cumprir a meta de 10% do PIB prevista no Plano Nacional de Educação. Seria o mesmo que elevar o limite do cartão de crédito de um comprador compulsivo, sem capacidade de gerir seus gastos.

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Não gosto de jeito nenhum da ideia de ver menos dinheiro sendo gasto na busca por mais qualidade na educação, pois considero o avanço na qualidade da educação a variável mais importante para construirmos um país com mais equidade e justiça, capaz de se firmar como um ator ativo no cenário internacional. Mas gostaria de ver todos os recursos disponibilizados para a educação usados de maneira inteligente, estratégica, planejada por pessoas engajadas, competentes e realmente capacitadas para o trabalho hercúleo que será conduzir o nosso ensino a um outro patamar.

Eficiência é a palavra daqui para frente!

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