Perspectivas e Desafios da Guiné-Bissau

O Brasil é um país de mais de 200 milhões de habitantes, com desafios de todos o tipos na melhora desta educação que pode melhorar a qualidade de vida de todos. A Guiné-Bissau é um pequeno país da África Ocidental com pouco menos de 2 milhões de habitantes, mas com desafios que só podem ser compreendidos em locais relativamente remotos do território brasileiro. O país aparece constantemente entre os 15 mais pobres do mundo.

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Por Newton Campos
Atualização:

Centro de Bissau, na Guiné-Bissau (África Ocidental). Foto: Estadão

Neste exato momento, enquanto escrevo, não há eletricidade. E quando há acesso à eletricidade, os cortes de energia são frequentes. Há falta de todo tipo de infraestructuras que consideramos normais. Mas além disso, há os desafios políticos de uma nação ameaçada constantemente pelos golpes de estado, os desafios econômicos de um país com 70% de seus habitantes vivendo abaixo da linha da pobreza e os desafios sociais de uma nação composta por diferentes etnias que nem sempre vivem em harmonia. O idioma oficial, por exemplo, o português, é falado por apenas 15% da população.

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Dentro deste ambiente aparentemente caótico existe a esperança (sempre ela) de que a vida das pessoas possa sim melhorar através da educação e da tecnologia. Convidado a participar de um programa de desenvolvimento de empreendedores neste país, capitaneado pelo Banco Mundial, fiz minha primeira viagem para conhecer a Guiné-Bissau e seus habitantes guerreiros.

Conheci diferentes pessoas e iniciativas mas certamente marcou-me uma que tem muito a ver com o Brasil: o Projeto de Formação Profissional Brasil Guiné-Bissau, executado com primor pelo SENAI de São Paulo, e apoiado pela ABC Agência Brasileira de Cooperação e pelo PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Com a professora Sábado Mendes, de Corte e Costura do SENAI Bissau. Foto: Estadão

Nesta escola, alunos rigorosamente selecionados aprendem diversos ofícios práticos, que lhes dão uma profissão em 6 meses: Mecânica de automóveis, Instalação e conserto de computadores, Construção civil e Corte e Costura são alguns dos cursos mais procurados. Mas como a escola se mantêm tão organizada num país onde a grande maioria das instalações são inadequadas ou improvisadas? Os próprios alunos ajudam a manter a escola em atividade, lembrando-nos daquelas escolas infantis japonesas onde os alunos devem arrumar e limpar tudo o que utilizam. Eles consertam pisos, paredes, instações elétricas e laboratórios de computadores não apenas como parte de seu aprendizado prático, mas principalmente como parte de sua formação como cidadão. "Constantemente lhes recordo que a escola é deles e dos que virão depois deles", repete em tom catequizante o Coordenador do Programa, o Prof. Edson Senna.

Professor Edson Senna, mostrando o laboratório do curso de Canalização (Encanamento). Foto: Estadão

Que a colaboração entre os dois países continue não apenas para que os Guineenses continuem a se desenvolver, mas também para que nós brasileiros sigamos aprendendo que com boa direção e boa disposição, toda escola pode nos surpreender.

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