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Viagens de colégios organizam desejo de estudar no exterior

Escolas levam alunos para ver universidades em outros países; famílias estimulam filhos a buscar melhor qualidade de ensino

Por Isabela Palhares
Atualização:

SÃO PAULO - Com os alunos cada vez mais interessados em estudar em universidades fora do Brasil, colégios particulares de elite de São Paulo estão organizando viagens para os estudantes conhecerem instituições no exterior. Segundo os responsáveis pelas viagens, as famílias dizem estimular que os filhos estudem fora para buscar melhor qualidade de ensino e segurança no mercado de trabalho.

O colégio Internacional de Alphaville tem um dos roteiros de viagem mais antigo. Desde 2008 leva os alunos do 9.º ano do ensino fundamental ao 3.º ano do ensino médio para conhecer universidades americanas. A viagem de 15 dias leva os alunos para visitar universidades de quatro cidades: Boston, Nova York, Columbia e São Francisco. 

Dúvida. Aos 14 anos, Paola não sabe qual curso vai fazer, mas quer estudar fora do País Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

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“Os alunos sentem que têm mais opções nos Estados Unidos, mesmo as universidades que não são as mais concorridas ainda assim têm qualidade e reconhecimento igual ou superior às melhores do Brasil”, disse Marilda Bardal, coordenadora de relações internacionais do colégio.

Aos 14 anos Paola Houch, ainda tem dúvida sobre qual curso fazer, mas já tem certeza de que não quer estudar no Brasil. Dos três irmãos mais velhos dela, dois estudam nos Estados Unidos, e os pais a incentivam a também se mudar. “Meus pais incentivam muito que eu estude fora, porque nas faculdades americanas os professores estão mais estimulados, importam-se mais com os alunos”, contou a estudante.

Cobrança dos pais. No colégio Bandeirantes, as viagens para conhecer universidades nos Estados Unidos retomaram neste ano a pedido dos pais. A escola fazia as viagens, mas elas foram suspensas havia 12 anos por causa da alta do dólar. “Há dois anos os pais começaram a nos pedir para fazer as viagens. Eles estão insatisfeitos com a economia do País e com medo da violência, por isso, querem que os filhos estudem fora”, disse Ricardo Aguirre, coordenador de relações institucionais.

Além do programa California Experience, que neste ano levou 13 alunos para conhecer universidades de Los Angeles e São Francisco, o Bandeirantes também tem cursos específicos para auxiliar os alunos nas inscrições e provas das universidades americanas. “Preparamos nossos alunos para entrar na universidade que quiserem.”

No 1.º ano do ensino médio, Gabriela Ávila Fioranelli, 15, viajou neste ano para conhecer as universidades na Califórnia. “Sempre quis morar e estudar fora, a viagem só reforçou essa vontade”, contou. Ela quer seguir a profissão do pai, que é médico, mas, ao contrário dele, quer exercer a profissão nos Estados Unidos. “Quero trabalhar lá porque acho que os médicos americanos têm mais qualidade de vida, ficam mais tempo com a família. E depois, meus pais também fazem planos de sair do Brasil quando ficarem mais velhos.”

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Dentre as universidades que visitou, a que mais a interessou foi a Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). “Me identifiquei muito com o lugar, o câmpus é lindo, arborizado e pertinho da praia. Senti um clima mais acolhedor do que nas universidades brasileiras.” Para 2016, o colégio planeja fazer um roteiro de viagem para levar alunos a conhecer as universidades em Nova York e Boston. “Assim, cada um pode conhecer melhor o que mais lhe interessar”, disse Aguirre.

No colégio Humboldt, que têm formato de ensino compatível com o de escolas alemãs, os alunos a partir do 7.º ano do ensino fundamental já podem fazer viagens à Alemanha. Quando estão no ensino médio, as viagens são mais voltadas para conhecer as universidades e empresas.

“Nosso aluno tem qualificação para estudar no Brasil ou na Alemanha. A viagem é importante para que ele conheça como é o ensino lá, já que as universidades alemãs dão mais liberdade e mais responsabilidade aos alunos do que as instituições brasileiras”, disse Hans Wagner, vice-diretor do colégio. Além disso, segundo Wagner, o custo para estudar em uma universidade alemã se equipara com o das particulares brasileiras.

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