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Vestibulares incluem músicas e filmes na lista obrigatória

Autores contemporâneos também passaram a ser exigidos em processos seletivos do País

Por Barbara Ferreira Santos
Atualização:
Rafaela Nascimento e Gustavo Maschião "sentem-se em casa" estudando obras mais atuais Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) inovou neste ano e pediu pela primeira vez um CD na lista de obras obrigatórias: Tropicália ou Panis et Circencis, de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Mutantes e outros. 

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A universidade seguiu uma corrente de outras instituições que já cobravam conteúdos audiovisuais - filmes ou músicas - na relação de obras a serem estudadas pelos vestibulandos. É o caso (veja nos quadros) da Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo, e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). 

A exigência de produções contemporâneas nos vestibulares, além dos cânones cobrados em provas tradicionais, como a da Fuvest, é uma tendência e “faz parte do processo de ampliação cultural do aluno”, explicam especialistas em educação. “Ler os cânones é maravilhoso, mas por que não ampliar para músicas, filmes e obras de arte?”, indaga o professor de Literatura Fernando Marcílio Lopes, do Anglo Vestibulares. “Fico contente de ver que a riqueza da cultura brasileira da segunda metade do século 20, pós-Guimarães Rosa, passou a ser cobrada.”

Estigma. O professor Claudio Caus, do Cursinho da Poli, concorda que obras atuais serão cada vez mais cobradas. “Há uma tentativa de se tirar o estigma de que certas formas de arte são inferiores a outras. Durante muito tempo a literatura foi considerada superior a outras formas de expressão artística”, explica. “Hoje temos filmes com preocupação estilística igual à da literatura.”

Na preparação para o vestibular, a produção artística contemporânea tem prioridade para os estudantes Gustavo Martini Maschião, de 18 anos, e Rafaela Antero do Nascimento, também de 18. Os dois querem cursar Jornalismo na Cásper Líbero. “As obras atuais estão mais próximas à minha realidade”, explica Maschião. “É mais prazeroso estudar esses livros e filmes contemporâneos. Eu me sinto em casa”, completa Rafaela.

Para o coordenador-geral do Curso Etapa, Edmilson Motta, a cobrança desse tipo de conteúdo deve ficar restrita a alguns vestibulares. “É uma tendência nas universidades que oferecem grupos de cursos, como os ligados às artes”, pondera. “Não é uma coisa que vai cair no Enem ou na primeira fase da Fuvest.”

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