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'Vamos manter parceria estreita com PM', diz novo chefe da guarda da USP

Coronel vai gerenciar efetivo de 380 homens da guarda nos sete câmpus do Estado

Por Bruno Paes Manso
Atualização:

SÃO PAULO - Os alunos da USP pediram "Fora, PM" no ano passado. Nesta quinta-feira, o reitor João Grandino Rodas oficializou logo três coronéis para comandar a Guarda Universitária. Além de Luiz de Castro Júnior, superintendente de Segurança, ex-diretor da Polícia Comunitária e Direitos Humanos da PM, vão ajudar a administrar o efetivo de 380 homens nos sete câmpus do Estado (127 na Cidade Universitária), o coronel Jeferson de Almeida (ex-policiamento ambiental), e o coronel Valter Alves Mendonça, que estava no 19.º Batalhão e já passou pela Rota. Aos 52 anos, 31 dias de aposentadoria depois de 34 anos na PM, Castro falou ao Estado.

 

Quem convidou o senhor?

 

Foi o professor (João) Grandino (Rodas, reitor da USP). O convite ocorreu porque eu atuava em segurança comunitária.

 

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Hoje são 30 subprefeituras na cidade com coronéis. Não existe uma militarização da gestão pública?

 

É um equívoco falar em militarização. É importante esclarecer que a formação nossa é policial, não militar. Por isso não existe esse risco. Esse nome Polícia Militar cria equívocos, tanto que o desejo era voltar ao nome original da corporação, que era Força Pública. Nossa formação é policial. Em toda organização existe hierarquia e disciplina, inclusive na própria família. Esse aspecto, evidentemente, é seguido na PM.

 

Como o senhor viu o episódio dos alunos presos com maconha no ano passado, que provocou protestos?

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Vamos esclarecer algumas coisas. O uso do entorpecente não foi o objetivo daquela abordagem policial. Os policiais agiram inicialmente em defesa da integridade física dos estudantes. Segundo relato dos policiais, eles passavam pelo local, com pouca luminosidade, e pela situação de suspeição os policiais achavam que alguém estava sofrendo sequestro relâmpago. Quando fizeram essa abordagem, solicitaram que descessem do veículo e foram fazer a busca pessoal. Essa busca culminou com a localização do entorpecente, correto? A legislação não permite uso e tráfico. O que aconteceu? Foi constatado o fato e eles buscaram minimizar a situação, chamando o delegado responsável pela área para tomar providências. A Polícia Civil veio para registrar um termo circunstanciado. Nós não fazemos a lei, aplicamos. O delegado decidiu pela condução para lavratura do TC e seriam as pessoas seriam liberadas. Daí aconteceu a confusão.

 

E em relação à reintegração de posse da reitoria?

 

Existe equívoco em relação a algumas colocações. Se fala: a polícia invadiu a USP. Não. A polícia não invadiu a USP. A PM reintegrou um espaço público que estava invadido por aquelas pessoas que foram detidas e conduzidas ao distrito policial. Jamais houve invasão da PM na USP. Toda vez que houve intervenção em questão policial foi para reintegrar a posse de um bem público.

 

E sobre o grito 'Fora PM da USP'? O que o senhor acha? A PM deve permanecer nos câmpus?

 

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Eu não entendo muito bem essa história de fora polícia. Fora de onde? A USP, dada a proximidade com a sociedade, compartilha espaços de usos públicos. Muitos os utilizam, principalmente para atividade física e está certíssimo. Isso aqui é da sociedade e vamos usar. Quando fala fora polícia, fora da onde? Se o espaço é de uso público, o Estado tem que intervir também. E quando a gente fala em segurança pública, é a polícia que vai intervir. Naqueles espaços em que há o controle de acessos, parte de conhecimento, sala de aula, ok. Não há presença policial.

 

Houve denúncias de abuso, vídeos de um estudante agredido. Como o senhor viu os excessos?

 

A PM é uma instituição como outra. A matéria-prima é o ser humano e pode haver desvios. O que eu posso garantir é que toda notícia de desvio a apuração é feita com rigor.

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Qual é a sua estratégia ao assumir a guarda?

 

O primeiro passo é fazer estudo mais aprofundado da geografia da USP, dos espaços abertos ao público, de prevenção primária. Ter espaços ocupados, eliminar espaço de medo. Colocar iluminação adequada. A nova iluminação deve estar concluída em abril de 2013, mas vai começar de forma paulatina conforme o estudo que fizermos. Vamos aplicar também tecnologia. Não só em relação a mapear os incidentes, mas também sugestões e reclamações. Iluminação, sistemas eletrônicos como alarme, tecnologias em busca da cultura de paz. A PM vai continuar nos espaços públicos e vamos manter parceria estreita.

 

A guarda vai fazer abordagens?

 

A princípio, não.

 

Como vai lidar com a questão da maconha?

 

Hoje a maconha, como outros entorpecentes, é uma substância proibida. Como é proibida, não pode ser aceita. Em questão a parte de uso e porte de drogas. A princípio nós não temos respaldo legal para dar voz de prisão ou algo que o valha. Mas dependendo da situação nós chamaremos a polícia para providências. Eu tenho certeza que dentro da USP o que se busca é um tratamento para quem é dependente químico. Espero que não só a USP, mas a sociedade possa oferecer um tratamento médico para essa dependência química.

 

Vai precisar de mais homens?

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Ainda não sei se deve aumentar porque não sei das necessidades. O primeiro passo é o estudo. Depois, formação de segurança comunitária, via Núcleo de Estudos da Violência, Núcleo de Políticas Públicas, Sou da Paz, São Paulo contra a Violência.

 

Vai comprar novas armas?

 

(A guarda) Não é armada e nem queremos (que seja).

 

Nem um taser (arma elétrica)?

 

Não. Porque eu sou avesso a choque. O papel da guarda é outro, de vigilância e preservação do patrimônio.

 

O senhor não teme que os estudantes peçam a sua saída?

 

Estou tranquilo porque estou contratado como especialista em segurança, não como coronel. Estou tranquilo porque me orgulho da carreira que eu fiz. Tem um lado social forte. Nós precisamos entender o jovem. A situação da contestação da autoridade, toda aquela energia, ele é incansável, busca se firmar, tem aquele espírito mais arrojado, destemido. Nós precisamos entender isso daí e ter paciência.

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