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USP e funcionários chegam a acordo e aulas devem voltar na 2ª

Assembleia dos funcionários ainda precisa decretar o fim da greve; paralisação chegou nesta quarta-feira a 114 dias

Por Victor Vieira
Atualização:

Atualizada às 22h14

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SÃO PAULO - Após 114 dias de greve, a reitoria da Universidade de São Paulo (USP) e os funcionários chegaram a um acordo para encerrar a paralisação. O impasse foi resolvido nesta quarta-feira, 17, em audiência na Justiça do Trabalho, e o funcionamento da instituição deve voltar ao normal na segunda-feira. Assembleias de docentes e servidores devem decretar até sexta o fim do movimento, um dos mais longos da história da USP.

Os grevistas, que cruzaram os braços contra o congelamento de salários, conseguiram reajuste de 5,2%, que compensa as perdas com a inflação do último ano. As categorias também receberão abono de 28,6 % para cobrir a defasagem salarial desde maio. A reitoria, que apontava a crise financeira como justificativa para negar o aumento, só fez proposta de reajuste neste mês.

A reposição dos dias parados ainda travava o acordo. A USP queria que os grevistas compensassem praticamente todas as horas e os funcionários reivindicavam acabar com o serviço acumulado, sem tempo adicional. A reunião sobre o tema entre líderes sindicais e a comissão montada pela reitoria, feita pela manhã, fracassou. 

Greve na Universidade de São Paulo já dura 114 dias Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Na audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), à tarde, o desembargador Davi Furtado Meirelles ameaçou varias vezes encerrar a mesa de negociação pela dificuldade de consenso. “Se não avançamos, a questão será julgada pelo tribunal e as duas partes poderão se arrepender”, advertiu. O aperto de mãos só aconteceu depois de um telefonema ao reitor Marco Antonio Zago, que foi chamado para a reunião do TRT, mas participou de audiência pública na Assembleia Legislativa. 

Pelo acordo firmado no TRT, os funcionários deverão compensar o tempo parado até o fim do ano letivo, em 12 de dezembro, com limite de uma hora além do expediente. O desembargador também recomendou à reitoria pagar o vale-refeição e o vale-transporte referente aos dias parados. 

No caso dos professores, a reposição deve ser de todas as classes suspensas durante a paralisação. O calendário dessas aulas será definido por faculdade, após o fim da paralisação. Em algumas unidades, como a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), praticamente todas as atividades foram canceladas. Já em outras, como a Escola Politécnica, a rotina acadêmica é normal.

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Outro pedido levado pelos funcionários à audiência foi o reajuste do vale-refeição. Como o item não estava na pauta inicial de reivindicações da categoria, o magistrado sugeriu que a revisão do benefício fosse discutida em outro momento.

Assembleias. Os funcionários ainda se reúnem na sexta-feira para discutir o acordo. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Magno de Carvalho, porém, disse que é pequena a chance de continuar com a greve. “É nula quase”, afirmou. Os docentes fazem assembleia nesta quinta-feira, mas já haviam indicado volta às aulas na segunda-feira, caso houvesse aprovação do abono, o que ocorreu anteontem, e avanço no TRT. 

“Houve triunfo da negociação”, declarou ontem a superintendente jurídica da USP, Maria Paula Dallari Bucci, na saída da audiência. Ela também destacou a postura da reitoria de levar a maioria das discussões sobre o reajuste e a greve ao Conselho Universitário (CO), órgão máximo da instituição. Apesar da pressão dos grevistas, o abono só foi aprovado depois de aval do CO. 

Uma das principais críticas de Zago a seu antecessor, João Grandino Rodas, foi a falta de transparência na administração da USP. Várias das medidas que levaram ao aumento de gastos não foram, segundo Zago, analisadas pelo CO. Rodas diz que nem todas as decisões exigiam votação do órgão.

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