USP corta ponto de 1.600 funcionários; greve continua

Tribunal Regional do Trabalho (TRT) acredita em irregularidade e ‘incoerência de descontos’ nos salários dos servidores parados

PUBLICIDADE

Por Barbara Ferreira Santos
Atualização:

SÃO PAULO - O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) considerou que há irregularidade e "incoerência de descontos" nos salários dos funcionários grevistas da Universidade de São Paulo (USP) que tiveram seus pontos cortados no último mês. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), mais de 1.600 servidores técnico-administrativos tiveram pontos cortados. A reitoria, por sua vez, afirma que o número varia entre 1 mil e 1.200 funcionários. Nesta quinta-feira, em assembleia, os funcionários decidiram manter a greve, que já dura três meses. Segundo Vera Montezi, representante do Conselho de Base do Sintusp, "mais de 1.600 funcionários já sofreram corte de pontos no mês passado". O diretor do Sintusp Magno de Carvalho afirma que o número pode ser maior. "Com certeza, foi mais de 1.600, mas é difícil precisar. Sabemos que esse número é maior do que o passado pela reitoria."

Funcionários e estudantes mantêm paralisação que já dura três meses Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Apesar do pedido de que não haja mais descontos, não houve decisão na Justiça sobre se a universidade deverá ou não devolver os salários cortados. A reitoria não se pronunciou sobre uma possível devolução. "Nada além da data e do local da reunião de negociação foi estabelecido pela Justiça do Trabalho", afirmou, em nota. O parecer da desembargadora ecoou na universidade. Na manhã desta quinta, cerca de 60 funcionários e alunos da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia protestavam contra a possibilidade de corte de pontos de funcionários pelo Conselho Técnico Administrativo (CTA). A folha de pontos da unidade fecharia nesta quinta e o corte de ponto havia sido autorizado pelo CTA. "Estamos aqui porque o ponto não pode ser cortado", afirmou Carlos Roberto de Assunção, do comando de greve da Veterinária, durante o ato. Após o protesto, a vice-diretoria da unidade afirmou aos manifestantes que o corte de salários havia sido revogado. Na audiência pública realizada entre sindicato e reitoria, na quarta-feira, a desembargadora Rilma Aparecida Hemetério negou a liminar da reitoria contra a greve e marcou uma audiência de conciliação para a próxima quarta. A magistrada declarou que 0% não é uma proposta para negociação na data-base dos funcionários, que é em maio. Ela pediu que a universidade apresente um possível porcentual de reajuste na nova reunião de negociação. A reitoria da universidade, em nota, afirmou que "não é possível adiantar o que será apresentado na quarta-feira". "O comprometimento do orçamento com folha de pagamento é de mais de 105%. Por isso, não é possível dar o reajuste neste momento", afirmou o órgão. Assembleia. O parecer do TRT foi comemorado pelos funcionários na manhã de ontem, durante a assembleia do sindicato, na Cidade Universitária, na zona oeste. Na reunião, os funcionários votaram pela manutenção da greve. Segundo Marcelo Pablito, diretor do Sintusp, o resultado da reunião no TRT "deu um fôlego" para os grevistas continuarem com suas reivindicações. "Nós achamos um absurdo chegar a essa situação (a greve chegar à Justiça), porque estamos pedindo diariamente a antecipação das reuniões de negociação com a reitoria e com o Cruesp (Conselho de reitores das Universidades Estaduais de São Paulo)." Na assembleia, o sindicato informou que, em apoio à greve, as aulas e atividades de residência do Hospital Universitário (HU) estão suspensas, mas afirma que os médicos estão trabalhando e que a "escala mínima está sendo mantida". Os grevistas marcaram um novo protesto no Hospital Universitário para a próxima segunda-feira. De lá, eles prometem caminhar até a Faculdade de Medicina da USP, em Pinheiros, zona oeste.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.